A ministra alemã do exterior correu à Índia, um dia após o anúncio do "teto" de Estados Unidos e União Europeia para o petróleo russo, e ouviu do colega indiano que seu país não vai alterar a política de energia —a compra crescente de petróleo russo.
Foi notícia do jornal The Hindu à agência americana Associated Press. Para o ministro S. Jaishankar, "não é certo que os europeus priorizem suas necessidades de energia mas peçam à Índia que não o faça".
Times of India e outros informaram no alto, pouco depois, que "mais de 50% do petróleo Urais, da Rússia, foi para a Índia em novembro".
E o financeiro Mint retomou os louvores a S. Jaishankar, sublinhando como resistiu à "hostilidade da mídia ocidental", quando "se recusou a tomar partido contra a Rússia", e como ele acabou vencendo.
Hoje, acrescentou o jornal, sobre a enviada alemã, "há uma aceitação invejosa da postura da Índia, de que assumiria qualquer decisão no interesse de seu povo", como na compra do petróleo russo:
"S. Jaishankar nunca se deixou seduzir pelo discurso moral da Otan sobre a Ucrânia. Em vez disso, fala da necessidade de proteger seu 1,4 bilhão de habitantes dos caprichos dos preços do petróleo."
Paralelamente, por Hindustan Times e outros, "Banco Mundial eleva previsão do crescimento do PIB da Índia", com a explicação de que sua "economia tem sido notavelmente resiliente à deterioração do ambiente externo", diferente da Alemanha.
SCHOLZ CONTRA A GUERRA FRIA
O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, publica ensaio na revista Foreign Affairs, defendendo junto ao establishment americano "Como evitar uma nova Guerra Fria na era multipolar".
Escreve que se vive hoje um ponto de inflexão, "Zeitenwende", em que "novas potências surgiram ou ressurgiram, inclusive uma China economicamente forte e politicamente assertiva". Mas que "o mundo não está condenado a se dividir novamente em blocos".
Diz que "a ascensão da China não justifica isolar Pequim" e lembra que ela apenas voltou a ser "ator global como antes, na história do mundo".
'NENHUM PAÍS É QUINTAL'
Scholz encerra dizendo que "nenhum país é o quintal de outro", da Ásia à África e à América Latina:
"Essas regiões têm todo o direito de exigir papel maior nos assuntos globais, de acordo com seu crescente peso econômico e demográfico. Isso não representa nenhuma ameaça para a Europa ou a América do Norte. Pelo contrário, é a melhor maneira de manter o multilateralismo vivo num mundo multipolar."
AO QUE PARECE, ACABOU
Na capa da Caixin (acima), o "desbloqueio em curso" das restrições para combater a pandemia. No título da versão em inglês, "Covid Zero, ao que parece, acabou".
A revista de Pequim diz que, em parte, a mudança na atitude do governo "talvez tenha sido por causa do público, que começava a chegar ao ponto de ruptura", com protestos pelo país.
Mas a newsletter Sinocism, de Washington, sugere "cuidado com a conclusão [do noticiário] de uma ligação entre os protestos e a mudança 'súbita' [no combate à Covid na China]. A reabertura já havia começado no princípio de novembro", com medidas para o relaxamento da Covid Zero.
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