Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Pelo NYT, os dois lados do fim da história da GE de Jack Welch

Empresa criada há 120 anos comprou exclusividade publicitária no jornal para anunciar que vai se dividir em três

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A edição do último dia 6 de dezembro do New York Times foi vista como "histórica", em publicidade. De fato, "pela primeira vez na história de 171 anos do jornal", informou o site Axios, um único anunciante garantiu exclusividade, além de algo próximo disso no site e outras extensões (podcast, newsletter).

Reprodução/Axios

Na sobrecapa, envolvendo o jornal impresso, os três logotipos em cores diferentes da GE ou General Electric, como era mais conhecida no passado a empresa fundada por Thomas Edison há 120 anos.

Proclamou-se, na primeira página e por anúncios distribuídos por outras 22 páginas inteiras, "Como o foco nos leva além". Foi o bordão publicitário para confirmar que aquela que um dia foi a maior empresa do mundo irá agora se quebrar em três, com focos diferentes: GE Aerospace, que será sua sucessora legal, GE Vernova e GE HealthCare.

A campanha milionária ("seven figures", diz o Axios) foi uma parceria com o jornal, a ponto de levar juntos à gráfica em Queens os principais executivos do NYT e da GE, para uma cerimônia de rodagem.

Um dos anúncios, de página inteira, mostrava "como criar um avião de papel dobrável por meio de um guia visual", de acordo com um recordista mundial, do Guinness, de manter avião de papel no ar.

Seis meses antes, um jornalista do mesmo New York Times, David Gelles, lançou um livro que se tornou "best-seller" ao apontar o que teria levado a GE a esse ponto, "The Man Who Broke Capitalism", o homem que quebrou o capitalismo (Simon & Schuster, capa acima).

No subtítulo, "Como Jack Welch destruiu o coração do país e esmagou a alma da América corporativa —e como desfazer seu legado". Em suma, na descrição de Ken Auletta, da New Yorker, "por que a GE e tantas empresas administradas pelos discípulos de Welch tropeçaram gravemente, junto com a reputação de Welch".

O CEO da GE de 1981 a 2001 refez a empresa, de acordo com o livro, "empregando três ferramentas em sua cruzada: cortes [downsizing], negócios [dealmaking] e financeirização [financialization]". Entre os seus discípulos, como descreve Gelles extensamente, destaca-se o brasileiro Jorge Paulo Lemann.

Segundo o autor, Welch transferiu operações e empregos para outros países, fez aquisições custosas como a rede NBC, vendida aos poucos, e iniciou apostas financeiras em "subprime" e empréstimos de curto prazo que custaram caro à empresa na crise de 2008 —quando o mesmo NYT publicou o título "GE (!) is in trouble", está em apuros.

Sobre o que acontece agora, Gelles afirmou, em uma entrevista à NPR, mas não no NYT: "Longe de ser a empresa mais valiosa da Terra e um conglomerado que abrangia o mundo, a GE será essencialmente dividida em três peças descontínuas. E esse é o fim da história. É o que resta do legado de Jack Welch".

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