Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

EUA cercam diplomaticamente o 'antiamericano' Lula

Visita de Victoria Nuland, nomeação de Elliott Abrams e artigos de organizações de política externa se voltam para o Brasil

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A subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, encontrou-se em Brasília com o assessor especial de Lula, Celso Amorim, "para aprofundar nossa cooperação em questões globais vitais" (abaixo). Segundo ela, "a relação EUA-Brasil segue forte graças ao nosso compromisso compartilhado com a democracia", entre outras razões.

Semanas antes, como noticiou a CNN, entre críticas da MSNBC ao Guardian, o diplomata Elliott Abrams foi nomeado por Joe Biden para sua Comissão sobre Diplomacia Pública. Ele é lembrado por passagens como a "campanha para trocar" o governo venezuelano, o escândalo Irã-Contras e "o maior assassinato em massa na história recente da América Latina", em El Salvador.

Abrams estava no Council on Foreign Relations, organização influente na política externa americana, e seu texto mais recente destacou que Lula não recebeu o presidente do Irã, em visita à região: "Será que Lula enfrentou reação forte o suficiente, ao seu abraço em Nicolás Maduro, para persuadi-lo de que a visita era muito arriscada?".

Na revista do CFR, Foreign Affairs, o brasileiro Matias Spektor, ligado à FGV e à organização Carnegie, publicou o artigo "O lado bom da hipocrisia ocidental" ou, mais precisamente, americana. Defende que "a hipocrisia ocidental pode ser benéfica" e "a alternativa –um mundo em que as potências nem se preocupam em justificar suas ações com valores morais– seria mais prejudicial".

Em suma, "o Sul Global deve reconhecer que crítica demais à hipocrisia pode colocar em risco a cooperação internacional ao gerar cinismo".

De sua parte, a Americas Society/Council of the Americas publicou na Americas Quarterly o artigo "Lula é antiamericano?". Brian Winter, vice da organização, escreve que "Lula e Amorim parecem acreditar que, para que o Sul Global se erga, o Brasil deve trabalhar para derrubar ou enfraquecer os pilares da ordem liderada pelos EUA".

Para ele, "a evidência mais clara é a incansável defesa de que os países abandonem o dólar". Por outro lado, "não é realista esperar grande mudança sem a reformulação total da equipe de política externa de Lula —o que quase ninguém em Brasília espera que aconteça. Isso significa que Washington precisa descobrir como lidar com a situação".

Reprodução/Bloomberg

LULA EMPURRA JOE BIDEN

Acima, na notícia da Bloomberg, "Brasil está empurrando os EUA para fora do maior mercado de soja do mundo". No texto:

"O mercado da soja é dominado por um comprador: a China. Há anos o Brasil tira dos EUA parcela cada vez maior. Agora começa a dominar até a baixa temporada. Os chineses estão comprando a soja brasileira para outubro, época em que as exportações dos EUA estão no auge. As vendas acontecem no momento em que o Brasil colhe safra recorde e oferece preços muito mais baixos. Refletem também o plano de Lula de buscar laços mais estreitos com a China como parte de seu plano de crescimento para a maior economia da América Latina."

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