O bilionário Warren Buffett tem uma frase que vai além do mundo dos negócios: "A diferença entre pessoas bem-sucedidas e pessoas realmente bem-sucedidas é que as pessoas realmente bem-sucedidas dizem NÃO a quase tudo".
Note que ele não se compara entre pessoas bem-sucedidas e pessoas mal-sucedidas. Segundo ele, nesse nicho de pessoas bem-sucedidas existe um diferencial.
Muitas pessoas não sabem dizer "não". Este é um grande problema. Dizer "não" implica saber a que coisas dizemos "sim".
Envolve a compreensão da nossa posição, e isso requer duas coisas muito diferentes. Por um lado, uma conexão interna com o próprio desejo: o que eu quero e por que o quero. Por outro lado, a capacidade de estabelecer limites às exigências externas, de respeitar esse desejo, de protegê-lo dos ventos que o podem extinguir.
Como seres humanos, gostamos de estar com pessoas que sabem o que querem (o que não significa que elas pisem nos outros para conseguir o que querem ou que não escutem o que os outros querem).
Não é muito sedutor compartilhar a vida com uma pessoa que cede o tempo todo em tudo, que não é clara sobre o que está procurando em sua vida. Essa falta de foco e de propósito leva a uma certa diluição da personalidade. São o que eu chamo de "pessoas pudim", elas se movem para todo lado, mas não vão para lugar nenhum.
Adaptar-se é uma coisa, ceder o tempo todo é outra. A pessoa perde substância ao fundir-se nas condições do contexto, sem autodefinição. Ao não escolher, ela evita a vertigem da escolha. Porque quem escolhe assume um risco e pode cometer um erro. Certamente aqueles que não escolhem não cometem erros, mas também não crescem.
Aqueles que não sabem como dizer "não" têm pouco controle sobre seu propósito pessoal e profissional. Se deixam levar pelas ondas do mar.
Muitos dizem "sim" a coisas com as quais não estão totalmente convencidos ou alinhados. Seguindo trilhos alheios, perdem seu próprio caminho.
Em geral, surge então a culpa. O problema é que "então" é tarde demais.
Steve Jobs, cofundador e e ex-CEO da Apple, disse uma vez: "Estou tão orgulhoso das coisas que não fizemos quanto estou das coisas que fiz. Inovação é dizer não a mil coisas".
É impossível inovar em nossas vidas sem dizer não. A inovação implica foco e aceitar cometer erros porque estamos procurando o novo. Precisamos de determinação e intensidade na busca.
Para fazer isso, precisamos dizer "não" a quase tudo ou mais, porque isso se desvia do nosso objetivo. Seu "não" é respeito por seu "sim".
Um exemplo: é perigoso quando a cultura de uma organização empresarial diz sempre "sim" a tudo, argumentando que a demanda do cliente deve ser sempre atendida. Mais uma vez, a empresa que nunca diz "não" aos seus clientes é uma empresa que não está clara sobre sua razão de ser.
Dizer "não" é um grande exercício para começar a ver as reações das pessoas e entender que é possível fazer isso sem que o mundo se desmorone. É claro que haverá pessoas que ficarão zangadas quando estabelecermos limites, o que traz à tona algumas de suas intenções invasivas.
Ao mesmo tempo, estabelecer limites nos ajuda a entender melhor a própria essência do que queremos. É estabelecendo limites que entendemos o que esse limite preserva.
Conectar-se com essa sensação de que algo não é para você é um pequeno passo para se aproximar de tudo o que pode iluminá-lo e dar-lhe sentido.
A vida é finita, não vale a pena gastá-la naquilo que não o satisfaz ou não o faz feliz. Não acha?
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