Desde que o governador Rodrigo Garcia (PSDB) forçou uma mudança de comando no Sebrae-SP para acomodar Marco Vinholi, presidente do partido no estado, a entidade tem preenchido seus cargos de alto escalão com aliados tucanos.
A movimentação tem sido criticada por diretores de Sebraes de outros estados e também por membros do Sebrae Nacional, que veem politização e possível prejuízo à independência política da organização.
Formalmente, o governador não tem poder para demitir ou nomear no Sebrae, uma entidade privada, mas os governadores fazem articulações para colocar seus indicados.
O nome do diretor-superintendente é escolhido por um conselho de 13 membros do Sebrae-SP, que representam instituições como Fiesp, Fecomércio, Sindibancos, Associação Comercial de SP. A administração estadual tem assentos no conselho por meio da Desenvolve SP e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
A chegada de Vinholi para o lugar de Wilson Poit aconteceu no final de junho, em manobra revelada pelo Painel. Desde então, ao menos quatro tucanos que não estavam no Sebrae foram nomeados para cargos altos: Carlos Balotta, Marcos Campagnone, Daniel Ramalho e Edgar de Souza. Outros também chegaram para postos mais baixos.
Diretor-superintendente do Sebrae no Rio de Janeiro, Antonio Melo Alvarenga diz se tratar de um péssimo exemplo para os empreendedores e que o grupo tucano possivelmente não terá nem tempo de aprender como funciona a organização, dado que Garcia pode perder as eleições –atualmente ele ocupa a terceira colocação nas intenções de voto, atrás de Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
"É lamentável que um governador que pretende se reeleger passe para o setor esse tipo de mensagem. Essas interferências políticas não podem acontecer em um órgão como o Sebrae. As instituições que compõem o Conselho Deliberativo do Sebrae-SP deveriam impedir o uso político da instituição", diz Alvarenga.
Em nota, Vinholi afirma que não há politização na troca de cargos e que levou para o Sebrae nomes de sua confiança para ocupar cargos estratégicos e diretamente ligados a ele. Ele diz que os profissionais contratados são qualificados e adequados aos cargos que ocupam.
As contratações, diz, passam por rigoroso processo de controle de instituição, sendo aprovadas pelo conselho deliberativo.
"Sugerir que haja politização da gestão ou ingerência partidária é desconhecer a grandeza e a força do Sebrae e de sua cultura empreendedora e absolutamente profissionalizada", afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP.
Ele ainda lista os currículos de três dos contratados: Campagnone foi presidente da Emplasa, Edgar de Souza foi prefeito de Lins (SP) e ganhou prêmios e Daniel Ramalho teve passagens anteriores pelo Sebrae-SP, incusive como consultor na gestão de Poit.
Já Balotta, afirma, entrou no lugar de um antigo assessor de Poit que vinha da liderança do Partido Novo.
O conselho deliberativo do Sebrae é presidido pelo agropecuarista Tirso Meirelles, que também é vice-presidente da Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo). Seu pai, Fábio Meirelles, comanda a instituição que congrega mais de 200 sindicatos rurais desde 1975.
Como mostrou a Coluna do Estadão, Vinholi prometeu foco no agronegócio assim que assumiu o cargo de diretor-superintendente no Sebrae e anunciou medidas para ajudar o setor.
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