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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Descrição de chapéu indígenas

Cacique da BA critica ministra Guajajara e pede mudanças nos órgãos indígenas federais

Zeca Pataxó, do Movimento Indígena da Bahia, diz que não houve avanço no ano passado e aponta problemas de gestão na saúde; ministério diz que ampliou diálogo

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Coordenador-geral do Miba (Movimento Indígena da Bahia) e uma das principais lideranças dos povos originários no estado, o cacique Zeca Pataxó pede "mudanças efetivas" nos órgãos federais que lidam com o tema.

Indígenas acompanham em um telão votação sobre o marco temporal pelo STF, no ano passado - Lúcio Tavora/Xinhua

Isso poderia incluir até a troca da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que vem sendo acusada de ineficiência em ações como a proteção aos yanomamis.

"A gente cansou de ter reunião com o Ministério dos Povos Indígenas e não ter resultado. Mudanças são necessárias. Se quiser fazer no comando do ministério, não temos nada contra, até porque não colocaram ninguém da Bahia lá", disse ao Painel.

Segundo o Censo divulgado no ano passado, a Bahia é o segundo estado com maior população indígena do país, com 230 mil pessoas, atrás apenas do Amazonas.

Em 17 de janeiro, o cacique enviou uma carta a Lula em que aponta problemas na proteção aos indígenas e na assistência de saúde no estado.

"Percebemos uma conjuntura desfavorável nos órgãos responsáveis pela gestão dos assuntos indígenas, como o Ministério dos Povos Indígenas, a Sesai [Secretaria de Saúde Indígena] e a Funai. Infelizmente, constatamos que não houve avanços significativos no ano de 2023. Diante dessa realidade, o Miba vem solicitar a sua atenção para a situação emergencial dessas comunidades e para a necessidade de promover mudanças efetivas nos órgãos mencionados", diz a carta ao presidente.

Além disso, num áudio enviado a outros indígenas da Bahia, o cacique diz que "nosso povo está sendo atacado, tem diversas lideranças ameaçadas, passando por situações difíceis".

Em 21 de janeiro, uma indígena pataxó no estado foi morta com um tiro disparado pelo filho de um fazendeiro.

Ele aponta também precariedade no atendimento à saúde, citando falta de medicamentos e macas, postos de saúde acabados e carros sem combustível para rodar.

No áudio, o cacique diz ainda que não se pode poupar o governo Lula de críticas, mesmo se ele for considerado um aliado.

"Não podemos aliviar, não importa se está no ministério uma indígena, não importa se está na Sesai um indígena, não importa se está na Funai uma indígena. E se não estiver resolvendo os problemas, vamos pedir realmente para sair, pedir ao presidente Lula que faça as mudanças, que resolva os problemas dos povos indígenas", afirma.

Não é a primeira crítica à gestão Guajajara vinda de indígenas. Em 12 de janeiro, o ativista Daniel Munduruku acusou a ministra de apenas se preocupar com festas e viagens em vez de dar atenção a questões como a do povo yanomami.

Outro lado

Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que a ministra Sônia Guajajara formou sua equipe com indígenas de diversas etnias e regiões do Brasil, para garantir a pluralidade e diversidade do corpo técnico. A pasta cita o baiano Karkaju Pataxó, Coordenador de Esporte e Lazer na Secretaria Nacional de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas.

"Entre as dezenas de visitas que a ministra fez às comunidades indígenas desde que assumiu o cargo, várias delas foram à Bahia, incluindo a agenda com lideranças Pataxó Hã Hã Hãe realizada na semana passada para acompanhar o conflito de terras no sul do estado", diz o ministério.

A pasta afirma ainda que "reconhece a complexidade e os desafios da gestão pública, especialmente em questões indígenas, onde há uma carga histórica de situações não resolvidas".

Mas diz que em um ano de gestão reabriu o diálogo com os povos indígenas e viabilizou a demarcação de oito territórios.

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