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Descrição de chapéu São Paulo

Vereador do PSOL divulga material pró-Boulos pago pela Câmara de SP

Revista de Toninho Vespoli defende eleger pré-candidato para derrotar bolsonarismo e pede apoio à pré-campanha; vereador nega irregularidade e alega perseguição

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São Paulo

O vereador Toninho Vespoli (PSOL) enviou a apoiadores uma revista produzida com recursos de seu gabinete na Câmara de São Paulo que inclui uma entrevista com o pré-candidato a prefeito de seu partido, Guilherme Boulos. Vespoli é um dos coordenadores políticos da pré-campanha dele.

Adesivos e um panfleto acompanham a revista em um pacote que contém referências eleitorais.

Especialistas consultados pelo Painel, em sua maioria, viram possíveis atos de propaganda eleitoral antecipada e improbidade administrativa por parte de Vespoli.

O vereador nega irregularidade e diz que é alvo de intimidação por parte de aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Material divulgado pelo vereador Toninho Vespoli (PSOL)
Material divulgado pelo vereador Toninho Vespoli (PSOL) - Reprodução

A edição da "Revista da Gente" não pede explicitamente votos para Boulos, mas faz referências eleitorais claras em apoio à pré-candidatura. A propaganda eleitoral só será permitida a partir de 16 de agosto.

A revista menciona 2024 como "terceiro turno da campanha nacional" e defende "uma frente ampla para —nas eleições municipais deste ano— levar adiante a luta por uma cidade e uma política que não seja pautada pelo ódio". Também utiliza a expressão "fica, vai ter Boulos".

Junto da publicação foram enviados adesivos com as frases "eu tô com Boulos" e "eu tô com Toninho" e um panfleto que diz, entre outros pontos, que "nossa missão é apoiar Guilherme Boulos como pré-candidato de Lula e derrotar o bolsonarista Ricardo Nunes".

Segundo apurou o Painel, aliados de Nunes avaliam medidas contra Vespoli na Justiça eleitoral e no Legislativo paulistano.

Outro lado

Em nota, a assessoria de Vespoli afirma que a revista está em sua terceira edição e faz uma prestação de 12 anos de contas do mandato.

"Não há nenhuma irregularidade sobre o conteúdo publicado ou falta de transparência em relação aos recursos utilizados e não existe qualquer questionamento ou divergência na Justiça ou na prestação de contas feita pela Câmara sobre referida publicação", afirma.

Material divulgado pelo vereador Toninho Vespoli (PSOL)
Material divulgado pelo vereador Toninho Vespoli (PSOL) - Reprodução

Questionado, o vereador não informou quanto foi gasto com a confecção da revista. No primeiro semestre deste ano, ele investiu R$ 65,6 mil na impressão de 88 mil "boletins informativos do mandato", segundo dados do portal da Câmara.

Vespoli ainda afirma que existe "tentativa de censura" a PSOL, Boulos e ele por parte da gestão Nunes. Isso ocorreria "em razão das inúmeras ações no Tribunal de Contas do Município e no Ministério Público" protocoladas pelo mandato.

Por fim, diz que a entrevista com Boulos faz parte do contexto da edição da revista, porque trata de pautas importantes da cidade e reflete a amizade e a longa aproximação política entre ambos. A revista também tem seções dedicadas a projetos de lei e bandeiras do vereador.

Especialistas

Para a advogada e professora Juliana Rodrigues Freitas, da Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político, existem indícios de propaganda antecipada e de improbidade administrativa no caso.

Ela afirma que uma revista custeada com dinheiro público serve para "dar publicidade para as atividades do mandato", o que parece estar sendo extrapolado pela iniciativa de Vespoli, e destaca possível "confusão" entre as figuras de vereador, candidato à reeleição e apoiador de uma pré-campanha.

Em caráter reservado, outros dois especialistas fizeram diagnósticos similares e disseram se tratar de caso de multa e possível recolhimento do material por parte da Justiça eleitoral.

Já o professor Volgane Carvalho, também membro da Abradep, não vê irregularidades na revista. Para ele, Vespoli faz uma prestação de contas do mandato e apresenta Boulos na revista, sem fazer pedido explícito ou velado de votos. Nesse sentido, "joga com o regulamento debaixo do braço".

Ele diz, contudo, que os adesivos podem implicar alguma irregularidade caso tenham sido custeados pelo mandato, dado que não envolvem prestação de contas.

Panfleto enviado pelo vereador Toninho Vespoli (PSOL)
Panfleto enviado pelo vereador Toninho Vespoli (PSOL) - Reprodução

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