Washington Cinel, presidente do Lide Segurança e um dos empresários mais alinhados ao governador de SP, João Doria, disse que gostaria de ver uma reaproximação entre o tucano e Jair Bolsonaro, hoje adversários políticos.
Cinel, que é dono da empresa de segurança Gocil, foi um dos empresários que viajaram a Brasília na última quarta-feira (29) para se reunir com Bolsonaro em sinal de apoio ao presidente após a demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Ele foi acompanhar grandes empresários que já tinham proximidade maior com Bolsonaro, como Luciano Hang (Havan), Flavio Rocha (Riachuelo), Meyer Nigri (Tecnisa) e Sebastião Bomfim (Centauro). A presença de um nome tão próximo de Doria naquele encontro chamou a atenção no meio empresarial.
"Se eu puder fazer alguma coisa para reaproximar, eu faço. Eu acho que hoje é muito difícil acontecer isso. Agora um está atacando o outro. Acho que tem que acalmar os ânimos e depois lá na frente ver alguma coisa", disse Cinel à coluna Painel S.A..
Aliado de Doria e Bolsonaro ao mesmo tempo, Cinel critica e releva o comportamento do presidente, como o "cala a boca" dirigido a jornalistas na manhã desta terça (5).
"Não pode mandar ninguém calar a boca. Não é só jornalista. É ninguém. Tem que respeitar. Democracia é o respeito um para com o outro. Mas isso faz parte. Tem tantas coisas que acontecem mas a gente tem que olhar para a frente", diz o empresário.
"Eu sou ligado ao Doria e sou ligado ao Bolsonaro. Eles não trabalharam juntos na campanha? O Bolsonaro não trabalhou para o João? O João não trabalhou para o Bolsonaro? Depois, se eles brigaram, eu não tenho nada com isso, concorda? Eu mantenho a minha linha, que é o Brasil e o que há de bom para toda a sociedade", afirma.
A visita de Cinel a Bolsonaro acontece em um momento de discordância dentro de um grupo restrito de empresários que costumam orbitar a vida política em Brasília.
Após a demissão de Moro, houve um racha no empresariado em geral sobre qual seria a melhor maneira de se posicionar politicamente neste momento em que Bolsonaro participa de atos em apoio à intervenção militar ou diz "e daí" ao ser questionado sobre as vítimas da Covid-19. Uma parte adotou postura crítica, mas alguns consideraram melhor manter apoio ao presidente.
A divisão ficou evidente nesta semana quando, após a coluna Painel S.A. publicar que Gabriel Kanner, o presidente do grupo de empresários Brasil 200, agendou uma live com o vice Hamilton Mourão, alguns nomes de peso do Brasil 200 resolveram se distanciar do grupo, como Sebastião Bomfim (dono da Centauro) e Edgard Corona (dono da Smart Fit).
Cinel também deixou o Brasil 200 nesta segunda-feira (3), argumentando que houve um desvirtuamento político do grupo. O empresário diz que seu objetivo é apenas defender suas bandeiras tributárias.
"Essa briga do Moro não tem nada com a gente. Estamos fora disso", diz Cinel. "O Moro veio, prestou serviço, saiu e foi embora. Entra outro no lugar e vamos trabalhar. O Brasil não pode parar por isso. Vamos olhar para a frente", afirma.
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