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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Presidente do Rappi diz que pandemia mudou relação com entregadores

Segundo Sérgio Saraiva, empresa reforçou contato com os profissionais em ano de paralisações

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São Paulo

A pandemia foi um momento de virada na relação com entregadores, diz Sérgio Saraiva, 52, presidente da Rappi para o Brasil.

As medidas de distanciamento social fizeram a quantidade de pedidos no aplicativo triplicar nos meses com maiores restrições. A alta, porém, não gerou demanda suficiente para manter satisfeitos os muitos entregadores que passaram a prestar serviço para a empresa como alternativa à perda de renda, afirma.

O executivo diz que, após o desequilíbrio, a Rappi buscou aproximação com os entregadores e a relação melhorou. Em julho, os profissionais fizeram paralisações por melhores condições de trabalho e mais segurança.

Neste ano, a startup colombiana lançou seus serviços financeiros. Segundo Saraiva, a empresa terá novas frentes de negócios para ter um aplicativo usado diariamente.

Sérgio Saraiva, presidente da Rappi para o Brasil - Divulgação

A Rappi conseguirá manter o avanço que teve na pandemia? Crescemos três vezes no número de pedidos no pico da pandemia. Também vimos que o engajamento dos usuários aumentou. Eles estão comprando em mais de uma vertical. Entram para comprar no restaurante, mas usam também supermercado.

Para aumentar o engajamento, buscamos entender melhor o usuário o tempo todo. No mundo, as pessoas usam 4 ou 5 aplicativos por dia. O resto fica esquecido. Queremos ser um desses cinco. Por isso, precisamos criar novas situações de consumo. No pós-pandemia, vamos investir em novas frentes para que o app continue prioritário.

Por que ter um braço financeiro? Oferecemos crédito a pessoa jurídica com taxas abaixo das cobradas pelo mercado. Isso porque estamos financiando um parceiro, não adianta cobrar o que o banco cobra e deixar ele em dificuldade. Não queremos ganhar com produto financeiro. O serviço viabiliza o crescimento do ecossistema.

Para o consumidor também é possível reduzir taxas? As taxas ainda estão em estudo. Nosso cartão terá o maior cash back (dinheiro de volta) do mercado. Isso é possível porque seremos banco e emissor e vamos gerenciar o ecossistema de compra e venda.

Como avalia os questionamentos às relações da empresa com entregadores? No início de março, muita gente estava trabalhando na economia informal. Com a pandemia, Esse pessoal veio buscar trabalho nos aplicativos.

Os pedidos do Rappi cresceram três vezes, mas o número de entregadores subiu de forma desproporcional. Aprendemos a regular, porque não adianta você ter uma entrega por dia por entregador.

Se acontecer, ele sai para trabalhar e volta para casa com um valor muito baixo. Esse desequilíbrio foi com todas as empresas de delivery porque isso nunca tinha acontecido na história. Agora gerenciamos de maneira mais saudável.

A relação com o grupo mudou? Melhorou bastante. O que fazemos é ter uma escuta ativa, avaliamos o que está dando certo e o que podemos melhorar. Queremos cuidar desse equilíbrio.

Os entregadores reclamaram que não tinham seguro. Mas já oferecíamos o produto desde 2019 e vimos que comunicávamos mal, reforçamos isso. Eles também pediram convênios e descontos com parceiros. A gente tinha, mas não na demanda deles, então aumentamos a quantidade.

Tínhamos um sistema de pontos que rankeava os entregadores. A implantação não foi bem feita. Tiramos e voltaremos gradualmente, reformulando juntos.

Há espaço frequente de interlocução? Nós já tínhamos um canal de comunicação e ele foi intensificado. Temos “focus groups” (grupos de conversa), participamos de grupos de WhatsApp para saber o que está dando certo e errado. Já vínhamos construindo isso, mas precisou desse momento de virada.

Como acompanharam a segurança dos entregadores na pandemia? No final de fevereiro, montamos um plano de ação. Fizemos conferências com empresas da Coreia, China e Itália para saber o que deu certo e mapeamos nossos processos para verificar pontos de contaminação.

Criamos a entrega sem contato. O entregador deixa a encomenda no chão, dá passos para trás e espera o cliente pegar. Passamos a dar vídeos com orientação de segurança.

Fizemos acordo com a Cruz Vermelha. Entregadores com suspeita de Covid-19 foram orientados a procurar um médico, enviar atestado para serem afastados, recebendo a mesma média de comissões.

Restaurantes vêm reclamando das taxas dos aplicativos e buscando alternativas independentes. Como afeta a empresa? Como buscamos saúde do ecossistema, não temos problemas com taxas. Não temos as taxas mais altas. Ficamos 30% abaixo dos maiores níveis do setor. Não adianta cobrar uma taxa alta se o restaurante vai morrer. Esse movimento nos impacta em raríssimos casos. E penso que é saudável a discussão.

Financeiramente, a pandemia foi período de investir ou de colher resultados? Estamos ainda em fase forte de investimento. Acreditamos que o Brasil é prioritário, com muito para crescer, avançar em novas verticais e consolidar aquelas em que estamos. Além disso, não há um superapp (aplicativo que reúne grande volume de funções) no Brasil ainda e queremos nos posicionar como o principal da América Latina.


Sérgio Saraiva, 52

Presidente do Rappi no Brasil desde janeiro de 2020. Foi executivo de empresas como Cielo, Giroflex e Anheuser Buch Imbev, com passagens por Peru, China e Coreia do Sul. Formado em administração pelo Uniceub (Centro Universitário de Brasília)

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