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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Vacina contra Covid em farmácia não é um mercado imenso, diz Raia Drogasil

Marcílio Pousada, presidente da empresa, diz que processo ainda vai ser do governo por muito tempo

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São Paulo

A gigante do varejo farmacêutico Raia Drogasil estuda entrar no mercado de vacina privada contra a Covid, mas não vê como um grande negócio. Marcilio Pousada, presidente do grupo RD, diz que a empresa tem um lote sendo negociado mas ainda é pequeno. Há planos de começar na próxima semana em apenas uma ou duas lojas.

As concorrentes Pacheco e São Paulo, que já anunciaram o início do serviço, também entram com apenas três lojas.

Imagem mostra Marcilio Pousada, um homem branco e calvo, apoiando um dos praços num balcão vermelho. Ele veste um moletom e uma calça jeans. Atrás, há uma parede com as letras "RD" em verde.
Marcilio Pousada, presidente da rede Raia Drogasil - Divulgação

"Acho que o grande processo é o do governo e vai ser com ele por muito tempo. O mercado privado como um todo precisa entrar em algum momento para ajudar. Não acho que seria um grande volume. O governo está atendendo bem", diz Pousada.

Como está o serviço de vacinação no grupo? E a da Covid? Nós aplicamos vacinas nas nossas lojas há cerca de seis anos, a da gripe e algumas outras. É normal para o nosso negócio. Estamos hoje com 300 farmácias prontas para vacina. A da gripe está a todo o vapor, e ajuda a conter o surto que está acontecendo.

Estamos acompanhando também a entrada da vacina da Covid. Acho que vamos entrar agora. Tem um lote sendo negociado, mas pequeno ainda. Achamos que o governo ainda tem parte preponderante no gesto vacinal da Covid.

Qual é o tamanho desse mercado em um momento em que há facilidade de acesso à vacina gratuita? Acho que o grande processo é o do governo e vai ser com ele por muito tempo. O mercado privado como um todo precisa entrar em algum momento para ajudar. É o nosso foco. Não acho que seria um grande volume. O governo está atendendo bem.

Quem seria o público? O público para o lote de vacina no mercado privado pode ser, estou estimando aqui, que seja aquele cliente que ainda não entrou na quarta dose e quer fazer essa dose depois de quatro meses. Tudo tem que ter uma orientação do Ministério da Saúde. Se a gente for realmente aplicar a vacina nas farmácias, como pode ser que aconteça na semana que vem em uma ou duas lojas, vamos seguir o protocolo.

Não acho agora um mercado imenso. Agora é o governo, que está fazendo bem. Mas temos que nos preparar para algum momento em que o governo troque os investimentos dele para outro lugar, e o mercado privado possa ajudar a população no gesto vacinal.

Tem alguma dificuldade logística? Para vacina sempre tem. Tem que ter cuidado com a temperatura. Essas 300 farmácias que temos estão preparadas para aplicar vacina.

Essa vacina do governo não foi feita para atender varejo. Então, tem um treinamento específico e um processo operacional. Essas doses, se não forem aplicadas no mesmo dia, parece que duram mais um dia, mas tem de guardar na temperatura certa. Estamos preparando tudo isso. Se formos realmente fazer, vamos fazer como o governo fez.

Qual é a diferença da vacina da Covid em relação às outras? Nas vacinas que hoje aplicamos na loja, cada aplicação tem exatamente o tamanho ideal na embalagem que eu recebo. Essas embalagens da vacina da Covid que foram feitas para governo, no mundo inteiro, são mais econômicas. Cada envase tem dez aplicações. Isso é uma adaptação na operação, mas o meu time está bem treinado.

Essa expertise vem também da experiência em que vocês atuaram na aplicação da vacina em parceria com o governo?Logo no começo da vacinação, a gente fez parceria com algumas prefeituras. Ajudamos na logística. Disponibilizamos estacionamento, sala de vacinação, pessoas para ajudar na fila. Isso foi muito forte em São Paulo. Já em Porto Alegre, que foi feito no estádio de futebol, o governo organizava, e quem aplicava a vacina era o meu time. Temos o protocolo montado e 10 mil farmacêuticos.

Outro mercado que a pandemia abriu ao setor foi a testagem. O que mudou após a chegada do autoteste? Caiu a demanda do teste na loja? Teve uma redução pelas ondas da Covid, mas também pela praticidade do autoteste. Um ponto importante de diferença é que na farmácia a gente coloca tudo no sistema integrado ao Ministério da Saúde.

E a máscara? Como estão as vendas?A gente viu uma queda muito grande na demanda de máscaras. E começou a voltar um pouquinho agora, há um mês mais ou menos. É muito parecido com o que acontece no resto do mundo.

E a inflação, como estão sentindo? Tem uma pressão muito forte nos custos, nossas despesas de aluguel, pessoal, energia, diesel para o transporte. E aconteceu com muito mais força até março. O nosso mercado é regulado. O governo define o aumento de preço. Teve a mudança agora e nós só repassamos, não tem o que fazer. A gente trabalha um pouco de promoção para o cliente não sentir o aumento com muita força, e com o tempo o aumento é absorvido pelo mercado.

Tem uma discussão na indústria para liberar o teto do reajuste do remédio. Como vocês olham isso? A gente acha que é uma decisão da indústria com o governo. A gente opera o que eles pedirem. A maneira que é feita hoje não é ruim. Tem uma regra bem montada, que parece justa. Mas quem pode falar melhor é a indústria, que é mais afetada pelos custos da produção. A gente é meramente um repassador desse reajuste todos os anos.


Raio-x

Formado em administração pela FAAP, o executivo construiu a carreira em diferentes setores do varejo e está no comando do grupo RD Raia Drogasil desde 2013. Foi presidente também em empresas como livrarias Saraiva e Office Net. Pousada atuou em companhias como Submarino, Sam’s Club (grupo Walmart), Mappin e C&A.

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