O varejo desembarcou da Semana Brasil, campanha lançada pelo governo Bolsonaro em 2019 para estimular uma temporada de promoções com temática nacionalista em setembro na tentativa de aquecer as vendas.
O evento, que acabou ganhando o apelido de Black Friday verde-amarela, sumiu dos shoppings. Entre as poucas lojas que fizeram referência à data em suas vitrines neste ano estão a rede de moda Brooksfield, a de perfumarias Opaque e a de calçados World Tennis.
Há um movimento grande de promoções nos shoppings nesta semana, porém, sem fazer menção às cores da bandeira brasileira nos anúncios.
No shopping Pátio Paulista, a Ancar Ivanhoe, gestora do estabelecimento, chama o seu evento de descontos desta semana de Sale Week. A palavra week aparece em amarelo nos anúncios, mas a empresa diz que se trata de uma campanha antiga, sem relação com o feriado de 7 de Setembro.
Lojas de empresários mais alinhados ao presidente Bolsonaro desde o começo do governo, como a Riachuelo, de Flávio Rocha, e a Polishop, de João Appolinário, também não aderiram à Semana Brasil.
Grandes nomes do varejo como Renner, Americanas, Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, Magalu, Casas Bahia e Extra afirmam que não vão participar.
Procurada pelo Painel S.A., a Ablos (associação de lojistas satélites de shoppings) não comentou o caso. O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), que divulga o material promocional a suas lojas associadas, afirma que a campanha é apenas um incentivo, mas a decisão é de cada empresa. A ACSP (Associação Comercial de São Paulo) também diz que apoia porque considera importante para a economia e para o setor.
Neste ano, por decisão do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o governo federal foi impedido de atuar na divulgação da Semana Brasil devido ao período eleitoral. A decisão não impede o setor privado de fazer a campanha, mas representantes do empresariado do ramo dizem que a medida enfraqueceu a disposição dos lojistas.
Outro motivo para o naufrágio da Black Friday verde-amarela, que já vinha acontecendo desde a data no ano passado, é a polarização e a associação aos movimentos bolsonaristas.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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