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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Representantes da indústria pedem reunião para reclamar de Josué na presidência da Fiesp

Crise se arrasta há meses e carrega contexto político da polarização de Lula e Bolsonaro

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São Paulo

A Fiesp recebeu nesta sexta (21) um requerimento que pede o agendamento de uma assembleia para avaliar a gestão da entidade sob o comando de Josué Gomes. Ele vai analisar na segunda-feira (24).

O documento, que foi endossado por um grupo de sindicatos afiliados à Fiesp, é o resultado de uma conversa que se arrasta há meses na entidade, mas floresceu apenas no segundo turno da eleição presidencial em meio a conversas de que Josué teria mais proximidade a Lula, enquanto o ex-presidente da entidade, Paulo Skaf, apoia Bolsonaro.

Foi Skaf quem indicou Josué para concorrer à presidência da Fiesp, no ano passado, mas o descontentamento com a nova gestão começou a surgir, segundo sindicatos membros, porque faltou interlocução com o comando da casa desde o primeiro semestre.

Josué usa um terno azul marinho. Ele olha para o lado.
Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp - Divulgação

"Grande parte dos presidentes de sindicatos afiliados à Fiesp não se sente atendido nem ouvido pelo atual presidente da entidade", segundo André Sturm, presidente do Siaesp (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de SP) e diretor da Fiesp, que também assina o documento.

Para além da questão do acesso a Josué, o imbróglio carrega um componente político. Desde o fim de julho, quando a Fiesp divulgou suas diretrizes para os presidenciáveis em um documento que citava democracia e respeito ao estado de direito como condições indispensáveis para o Brasil, começou a circular na entidade uma pressão contra Josué porque a menção à democracia poderia provocar Bolsonaro, prejudicando a relação da Fiesp com o governo.

Existe uma avaliação na indústria de que a figura de Josué ficou associada a Lula e que, em caso de vitória de Bolsonaro na presidência e de Tarcísio de Freitas no governo de São Paulo, a Fiesp, sob o comando dele, ficaria enfraquecida.

Na semana passada, Skaf, que vinha mantendo o silêncio no primeiro turno, divulgou vídeo pedindo voto para Bolsonaro. Nesta semana, a figura do ex-presidente da Fiesp ressurgiu no noticiário como o suposto responsável por articular a movimentação contra Josué na Fiesp para reassumir protagonismo na indústria, o que ele nega.

Segundo dirigentes de sindicatos envolvidos no debate, a decisão de antecipar para esta sexta-feira o envio do documento com o pedido de assembleia na Fiesp foi uma tentativa de despolitizar o assunto e focar o descontentamento com a gestão. Como a próxima reunião de diretoria acontece só na segunda-feira pós-eleição, o contexto político ficaria muito marcado e contaminado pelo resultado das urnas, de acordo com a avaliação dos representantes setoriais.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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