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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Empresários temem impacto na economia e cobram reação a atos bolsonaristas

Avaliação é que invasão eleva a percepção de risco

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São Paulo

Representantes do empresariado dizem estar preocupados com o impacto das manifestações golpistas em Brasília neste domingo (8).

Empresários e entidades do setor privado afirmam que os atos podem ter fortes implicações na economia e cobram controle da situação. A avaliação é a de que a demora pode agravar a percepção de risco sobre o país.

Logo após o início dos atos, a CNI divulgou um comunicado pedindo punição.

"O Brasil elegeu seu novo presidente democraticamente, pelo voto nas urnas. A vontade da maioria do povo brasileiro deve ser respeitada. Tais atos violentos são manifestações antidemocráticas e ilegítimas que atacam os três Poderes. O governo e as instituições precisam voltar a funcionar dentro da normalidade, pois o Brasil tem um desafio de voltar a crescer, gerar empregos e riqueza e alcançar maior justiça social", disse Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, em nota.

Para Fábio Barbosa, CEO da Natura&Co, o caso é absolutamente inaceitável. "Que os invasores sejam punidos rigorosamente, na forma da lei. E que se apure também como o policiamento não estava preparado para reprimir um ato que era previsível", diz Barbosa.

Apoiadores invadem Congresso.
Apoiadores de Bolsonaro invadem Congresso - Adriano Machado - 8.jan.23/Reuters

O banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, também prevê perdas para o país. "Eu acho que podemos ter um impacto negativo para os mercados e a economia com a elevação do risco institucional. Por isso é preciso punir exemplarmente os responsáveis", afirma. Segundo Lacerda, são "bandidos e canalhas empunhando a bandeira nacional em atos de agressão às nossas instituições".

O ex-banqueiro e fundador do partido Novo, João Amoêdo, foi às redes sociais cobrar reação dura. "O governo federal deve agir de forma dura, junto ao governo de Brasília, para prender estes vândalos e por fim aos acampamentos antidemocráticos que servem de base para estes atos", escreveu Amoêdo.

Em nota, o Sindusfarma (que reúne a indústria farmacêutica), diz que "repudia todo tipo de violência e de atos que ferem a Constituição. Protestos pacíficos e democráticos, como já tivemos no Brasil são positivos. Depredação de patrimônio público não pode ser aceito pela sociedade brasileira", afirma Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma.

Ricardo Roriz, da Abiplast (associação do setor de plásticos), disse que os atos deste domingo pode prejudicar investimentos. "O ambiente de negócios atual apresenta muitas incertezas, pois não há previsibilidade sobre as medidas que o novo governo irá tomar na economia e ainda há instabilidade política e institucional. Isso limita os investimentos. Além disso, os incidentes de hoje, com exageros lamentáveis e inaceitáveis em alguns lugares, apenas atrasam a reação positiva do mercado e a diminuição da percepção de risco, o que poderia melhorar os indicadores econômicos", afirma Roriz.

Segundo a Abrasca (associação das companhias abertas), os atos afetam fortemente a imagem internacional do país e irão prejudicar a retomada do crescimento econômico. "A Abrasca conclama todas as partes para assumirem suas responsabilidades, do governo e da oposição, da sociedade civil, empresários e todas as lideranças políticas, para que haja uma rápida retomada da normalidade institucional e democrática", diz em nota.

Entidades como Aneor (Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias), Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Abiis (aliança da indústria inovadora em saúde) e o grupo de empresários Esfera Brasil também também divulgaram notas de repúdio.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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