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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu indústria

Indústria manifesta incômodo com hipótese de revogação de corte no IPI

Setores preveem inflação e pedem alternativas à ideia de retomada de alíquota

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São Paulo

Representantes da indústria começam a manifestar o incômodo do setor diante da possibilidade de revogação do corte de 35% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) adotado pela gestão de Paulo Guedes. A medida, que pode aparecer entre as primeiras iniciativas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem sido tratada no setor como uma derrota.

"Seria um retrocesso o governo revogar a portaria que reduziu o IPI depois de um grande debate sobre o assunto, onde se buscou uma convergência para a decisão tomada, incluindo a Zona Franca de Manaus. Além de ter um grande impacto inflacionado em mais de 4.500 produtos industrias, vai contra o que o ministro Alckmin deixou bem claro em seu discurso de posse, que é a necessidade urgente de reindustrializar o Brasil", afirma Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (setor de plásticos).

José Veloso, presidente da Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas), defende que, antes, seja feita a reforma administrativa para reduzir o tamanho do estado com corte nas despesas. "A carga tributária é muito maior em bens do que serviços, e isso prejudica o pobre, que consome menos serviços. O IPI prejudica quem tem menos renda, encarecendo os produtos, ou seja, o pobre paga mais que o rico", afirma.

"Será uma pena se a redução do IPI for revogada. Ou o Brasil altera sua ultrapassada forma de tributação ou veremos muito rapidamente o fim do setor industrial no país", diz Humberto Barbato, presidente da Abinee (indústria elétrica e eletrônica).

Fernando Haddad está com a mão levantada enquanto fala em frente a um microfone.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante discurso no CCBB de Brasília - Douglas Magno - 5.jan.22/AFP

Synesio Batista, da Abrinq (brinquedos), diz que está em Hong Kong para a feira do setor, e foi questionado se é verdade que haveria a mudança no IPI no Brasil. "Na China, estão sabendo do debate e torcendo para que o governo faça esse retorno porque, para eles, representaria um ganho de competitividade em relação ao Brasil. Nós entendemos as razões, o governo procura receita, mas o IPI é um imposto velho, desleal e desigual", afirma Batista.

A Abihpec (de produtos de higiene e perfumaria) afirma que a retomada da alíquota provocaria efeito inflacionário com potencial retração no consumo. "Como existe a expectativa de discussão da reforma tributária ainda nos cem primeiros dias de governo, o momento não é apropriado para aumentar o imposto. Traria um efeito negativo para o nosso setor, um efeito em cascata que pode não ser benéfico para economia como um todo", afirma a associação em nota.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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