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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Justus diz que errou previsão de mortos na pandemia, mas ainda critica isolamento

Empresário afirma ter ficado surpreso com volume que a doença tomou

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São Paulo

Diante da marca dos mais de 700 mil mortos pela Covid registrados nesta terça (28) no Brasil, o empresário e apresentador Roberto Justus afirma que estavam erradas as previsões feitas por ele no início da pandemia, quando vazou um áudio em que Justus discutia com o também apresentador Marcos Mion sobre o efeito devastador da doença.

Nas mensagens enviadas em março de 2020, logo nos primeiros dias da pandemia, Justus dizia ver uma histeria desproporcional. Ele tratava as previsões mais pessimistas como coisa de quem não entende de estatística.

"Aquilo foi lá nos primórdios da Covid, lá no comecinho, que acabou vazando um áudio meu para um amigo dizendo que a minha previsão não era tão pessimista no começo, mas obviamente que eu estava errado. Eu fiquei surpreso depois com o volume que a pandemia tomou. Eu era um daqueles um pouco mais otimistas. Eu sempre fui otimista em toda a minha vida", disse Justus ao Painel S.A. nesta terça (28).

Retrato do apresentador e empresário Roberto Justus
Retrato do apresentador e empresário Roberto Justus - Adriano Vizoni - 25.abr.19/Folhapress

O empresário, porém, ainda insiste em criticar as medidas de isolamento adotadas para proteger a população.

"Uma coisa que eu falei na época, e eu sustento ainda, é que o lockdown 100%, do jeito que o governo Doria na época quis fazer e fez, era muito ineficiente. As camadas mais privilegiadas conseguiam entrar em lockdown. Você podia andar de metrô, trem, ir no banco, supermercado, farmácia, hospitais. O vírus não estava nesses lugares. Mas você não podia abrir lojas, restaurantes. Eu defendia que tinha que ter um meio-termo: cuidar bastante da coisa com máscara, álcool em gel, distanciamento", afirma.

Justus ressalva que era favorável ao fechamento de grandes eventos como jogos de futebol com público e shows. "Mas não podia ser radical do tipo ‘não pode sair de casa’. Para os menos favorecidos, com um cômodo só, imagina que tortura era para as pessoas ficarem todos dentro de casa se contaminando. As camadas mais privilegiadas ficavam nas suas casas de campo e de praia", afirma.

Justus diz ter levado sua opinião ao governo, na ocasião. "Eu cheguei a falar isso na época para o governador: toma todos os cuidados, principalmente a população que estava mais exposta, os idosos e [as pessoas] com comorbidade, mas a doença não era tão grave para matar pessoas saudáveis. Era isso que eu falava. Isso eu continuo sustentando", diz.

Nas previsões de Justus, o Brasil poderia ter 15 mil ou 20 mil mortes. "Foi uma desinformação que, logo que eu percebi que a coisa estava ganhando dimensão maior, eu já tinha mudado de opinião. A gente erra um pouco, às vezes, nas nossas estatísticas e previsões. O vírus do medo é tão contagioso que acaba atrapalhando a vida das pesso as. Então, tinha que ter um pouco mais de bom senso", diz.

Em outra ressalva, ele afirma que foi um defensor da vacinação. "Revisando isso, eu menosprezei um pouco ou imaginei que tivesse menos vítimas do que acabou tendo. Isso eu reconheço, mas lá atrás, no começo, eu já percebi, pelo crescimento das mortes, eu já tinha revisto meu ponto de vista inicial", afirma.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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