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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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ANP dá bronca na Raízen por risco à aviação

Agência mandou distribuidora deixar de usar corante azul em etanol; a cor é usada somente em gasolina de aeronaves

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Brasília e São Paulo

A ANP (Agência Nacional do Petróleo) enviou ofício à Raízen (Shell), do bilionário Rubens Ometto, pedindo que a empresa pare de utilizar corante azul no etanol hidratado da distribuidora.

A cor é típica da chamada gasolina de aviação (QAV). Por isso, durante fiscalizações em postos de Salvador (BA), técnicos da agência se confundiram e classificaram o etanol como gasolina de aviação.

Logotipo da Shell, representada no Brasil pela Raízen
Logotipo da Shell, representada no Brasil pela Raízen - Reuters

A agência teme que o uso do corante possa causar acidentes. O caso teve início no ano passado. Na época, as bombas foram lacradas, mas a ANP tomou providências mais amplas apenas na semana passada, quando enviou o ofício à companhia.

Inicialmente, a Raízen contestava a interpretação dos fiscais da agência reguladora.

Em documento apresentado à ANP, a companhia afirmou que, "naturalmente, o espectro de cores [dos combustíveis] possui variações que estão sujeitas a diferentes percepções visuais".

No entanto, um teste realizado pela Superintendência de Fiscalização do Abastecimento concluiu que, de fato, a coloração do etanol hidratado aditivado comercializado pela Raízen era muito próxima do azul —cor que, pela regulação no Brasil e no mundo, é de uso exclusivo da gasolina de aviação.

As aeronaves são construídas para utilizar apenas etanol hidratado ou gasolina de aviação, ao contrário de automóveis flex, que podem combinar gasolina ou etanol. A mistura por engano pode danificar o funcionamento da aeronave.

"O uso de combustível inadequado, ainda que provocado pela percepção equivocada da cor visual, pode acarretar em acidentes gravíssimos", disse o Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas da ANP em um parecer.

A agência também afirma que é possível aditivar o produto sem o corante e manter os benefícios aos veículos.

Em nota, a Raízen disse que está trabalhando para resolver a questão.

"A Raízen recebeu ofício da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em resposta à consulta sobre o método de verificação da coloração do etanol hidratado aditivado, em virtude de divergência na interpretação da cor do combustível. Ressaltamos que mencionada divergência é exclusivamente sobre a cor do Etanol V-Power e não tem qualquer impacto sobre a qualidade do mesmo e a performance dos veículos. A Raízen está atuando de forma colaborativa com a agência para dirimir essa questão", disse a companhia.

Com Diego Felix

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