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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Bradesco Santander Itaú

Americanas: trio de acionistas quer que bancos assumam metade de sua dívida

Lehmann, Telles e Sicupira concordam em liberar até R$ 12 bilhões se instituições que deram crédito à varejista converterem metade da dívida em ações

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Brasília

Os principais bancos credores da Americanas resistem em trocar mais da metade da dívida em ações como contrapartida para a injeção de até R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira, Marcel Telles, donos de cerca de 30% da companhia que está em recuperação judicial com uma dívida de R$ 43 bilhões.

Segundo pessoas que participam das negociações, sem essa troca pelos bancos, não há como tirar a centenária varejista da recuperação.

O trio de bilionários da 3G Capital: Beto Sicupira (esq.), Jorge Paulo Lemann (centro) e Marcel Telles (dir.)
O trio de bilionários da 3G Capital: Beto Sicupira (esq.), Jorge Paulo Lemann (centro) e Marcel Telles (dir.) - Divulgação

Os maiores credores financeiros são Bradesco (R$ 5,1 bilhões), seguido por Santander (R$ 3,6 bilhões), BTG (R$ 3,5 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 2,7 bilhões) e Safra (R$ 2,5 bilhões).

Os bancos querem que o trio de acionistas coloque ainda mais dinheiro, porque se consideram vítimas. Não querem converter tanto da dívida em papéis da empresa.

No entanto, documentos entregues à CPI evidenciam que alguns deles financiaram a Americanas para além das operações realizadas junto a fornecedores, o chamado risco sacado, pivô da fraude contábil de cerca de R$ 20 bilhões.

Ainda segundo relatos, o esquema funcionou da seguinte forma: a Americanas comprava R$ 1 milhão em geladeiras, por exemplo, e prometia pagar o fornecedor em 90 dias, o chamado risco sacado.

No entanto, esse fornecedor procurava um banco e antecipava esse valor, deixando uma fração do total ao banco, como taxa pela antecipação.

Esse desconto no valor final, no entanto, era menor em instituições parceiras da Americanas.

Nesse tipo de contrato, a companhia se comprometia a pagar o banco assim que o prazo de 90 dias com o fornecedor terminasse, o que reduzia o risco da operação.

O que os documentos revelam, ainda segundo relatos de integrantes da CPI, é que no dia do acerto com os bancos, a Americanas pedia mais um ano para pagar. E os bancos aceitavam, exigindo juros.

Ou seja: o risco sacado virava uma operação de crédito da própria Americanas. No balanço, no entanto, esse empréstimo não aparecia. Ficava somente a do risco sacado.

Em muitos casos, esse buraco era coberto pela simulação de contratos simulados de marketing do fornecedor com a Americanas (anúncio de geladeira na rede para estimular as vendas).

Com Diego Felix

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