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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Navios barrados em Santos expõem esgotamento do porto e reacendem privatização

Operadores recusaram embarcações por falta de espaço e manutenção de sistema; situação reabre debate sobre privatização

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Brasília e São Paulo

Com 95% de ocupação, o BTP, terminal ligado às empresas de navegação Maersk e MSC, já recusa navios no porto de Santos (SP).

Pessoas que participam da operação no porto afirmam que, na semana passada, o BTP não conseguiu receber dois porta-contêineres programados para operar.

Ambas as embarcações tentaram desviar para os outros dois terminais portuários: Santos Brasil e DPW, mas eles também não puderam receber as embarcações.

Movimento em terminal de contêineres no porto de Santos - 21.jul.2021-Eduardo Anizelli/Folhapress

A situação, segundo operadores, mostra que o porto não tem mais espaço para contingências.

A OCDE indica que o limite de ocupação de terminal para manter a eficiência é até 70% (pátio) e até 65% (berço de atracação).

O plano de expansão, com o leilão de novo terminal em Santos previsto para 2022, parou sob o governo Lula.

O ministro de Portos, Márcio França (PSB), que balança no cargo, quer estudar novamente a necessidade de se manter o porto sob controle estatal e o tamanho necessário para a expansão necessária para que o terminal não perca carga para portos vizinhos.

Ao lado da Autoridade Portuária de Santos, estatal que controla o maior Porto da América Latina, França tem dito que o porto ainda tem capacidade ainda para movimentar contêineres.

No entanto, dados da própria autoridade portuária mostram que, desde 2019, o porto opera no seu limite (70% de capacidade instalada). Naquele ano, foram 4,2 milhões de TEUs movimentados, limite operacional.

Neste ano, a projeção de cargas para Santos (5,3 milhões de TEUs) deve superar a capacidade operacional (4 milhões de TEUs).

Isso equivalente a 70% da capacidade instalada (5,7 milhões de TEUs), percentual a partir do qual a operação deixa de ser eficiente, segundo a OCDE.

Operadores privados defendem a privatização completa como forma de acelerar investimentos.

Outro lado

Em nota, a autoridade portuária de Santos afirmou que o problema foi pontual, não reflete a situação do porto e que está com a capacidade atual calculada como suficiente até 2030. Segundo a entidade, terminais como os da Santos Brasil e da DPW têm atuado abaixo dos limites de operação e estão com projetos de expansão em análise no Ministério de Portos e Aeroportos e no TCU (Tribunal de Contas da União).

Ao Painel S.A., a Santos Brasil disse que está operando com 50% da capacidade no terminal e que não pôde receber os contêineres devido a uma troca de sistema operacional nos próximos dias. A manutenção estava prevista anteriormente e foi avisada aos clientes há um mês.

De acordo com a autoridade portuária, a DPW está, no momento, sem vagas no terminal. À coluna, no entanto, a DPW disse que opera dentro de um "limite saudável de ocupação", comportando a demanda necessária para a movimentação de cargas. Em março, a empresa iniciou obras de expansão de capacidade para ampliação do complexo em 20 mil metros quadrados —deve ser finalizado em dois meses.

"A APS ressalta que os terminais que não receberam os navios são todos privados, o que não justifica a narrativa de privatização da gestão do maior Porto do Hemisfério Sul, defendida pelos gestores anteriores, que não fizeram os investimentos devidos em infraestrutura porque atuaram prioritariamente para vender o ativo", disse a autoridade portuária.

Com Diego Felix

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