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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Calote de flamenguistas no Banco de Brasília chega a meio bilhão

Dívidas em atraso do Nação BRRFla acumulam R$ 445 mi em prejuízos; inadimplência é de 25,6%

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Brasília

No momento em que o BRB e o Flamengo buscam um novo sócio para seu banco digital, os torcedores do clube carioca deram um prejuízo de R$ 455 milhões ao banco do Distrito Federal, que lhes concede empréstimos há três anos dentro da parceria Nação BRBFla.

Esse valor se refere a créditos com mais de um ano de atraso e que, por determinação do Banco Central, tiveram de ser baixados a prejuízo, mas que o banco ainda tenta receber.

Três jogadores de futebol do Flamengo comemoram gol
O BRB é um dos patrocinadores do Flamengo - Diego Vara - 25.out.2023/Reuters

Relatório do desempenho operacional do BRB obtido pelo Painel S.A. revela que as perdas acumuladas cresceram 70% em doze meses.

Em junho de 2022, o estoque de operações em prejuízo era de R$ 262 milhões, o que representou 59% dos empréstimos.

Em junho deste ano, foram R$ 445 milhões ou 105% dos empréstimos, que totalizaram R$ 443 milhões no período.

O que explica esse resultado é a inadimplência elevada dos clientes rubro-negros.

Segundo o próprio banco no relatório, o indicador de inadimplência foi de 25,9% em junho deste ano e envolve R$ 112 milhões —índice considerado elevado no mercado e 150% superior à inadimplência registrada pelo BRB com outras parcerias.

No entanto, esse indicador já foi maior: 45% no fim do ano passado.

No relatório, o BRB lista ainda os clientes do Flamengo em fase de "pré-inadimplência". Esse grupo representa 19,2% da carteira e corresponde a R$ 83 milhões em operações.

Com esse desempenho, o banco provisionou mais de 30% dessas perdas, ainda segundo o relatório.
Para compensar a elevada inadimplência dos flamenguistas, o banco cobra taxas de juros mais elevadas dos torcedores.

Além disso, o BRB paga ao Flamengo, anualmente, R$ 32 milhões, um valor fixo referente a diversos "direitos". Entre eles estão a preferência em contratos de seguro e operações de câmbio pela venda de jogadores, por exemplo.

Críticos e adversários do governador Ibaneis Rocha (DEM), flamenguista declarado, consideram que essa parceria é um patrocínio disfarçado, o que o banco nega veementemente.

Outro lado

A Nação BRBFla é considerada pelo banco uma parceria estratégica para a expansão da atuação em outros estados.

O BRB informa que as operações do Nação BRBFla representam menos de 2% do total de sua carteira de crédito, que totaliza R$ 37 bilhões.

Via assessoria, a instituição disse que as taxas de inadimplência "estão em linha com o desempenho observado em carteiras de mesma maturidade e públicos similares".

"Em pouco mais de 36 meses, o negócio, em fase de maturação, cumpriu as principais metas estabelecidas", disse o banco.

Segundo o BRB, já são mais de 3,5 milhões de clientes e presença em 93% de todo o território nacional, 32 países e todos os continentes.

"A parceria para o lançamento do banco digital é uma inovação no segmento financeiro e esportivo. BRB e Flamengo estão em busca de novos parceiros para um negócio estimado em R$ 1,2 bilhão."

O BRB esclarece que os valores desembolsados (R$ 32 milhões) por meio da parceria para a criação do banco digital Nação BRB FLA são anuais e referem-se às contrapartidas negociais do contrato.

Procurado, o Flamengo não respondeu até a publicação desta reportagem.

Com Diego Felix

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