Flamengo dobra patrocínio e projeta ações na Bolsa com banco público

Além do contrato de R$ 32 milhões, clube e BRB têm planos de abrir capital no futuro

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São Paulo

O Flamengo planeja dobrar sua arrecadação com seu novo patrocinador máster, o banco estatal BRB, de Brasília. A parceria foi aprovada pelo conselho deliberativo do clube nesta terça-feira (30), e o anúncio oficial foi feito nesta quarta (1º).

O contrato tem duração de três anos, a partir deste mês de julho, com a possibilidade de ser prorrogado por mais dois. O valor mínimo que o Flamengo receberá anualmente será de R$ 32 milhões.

Essa quantia é igual à que o clube carioca recebeu da Caixa Econômica Federal em 2018, último ano de contrato entre as partes. O BS2, banco digital de Minas Gerais que o patrocinava até junho, pagava a metade disso.

Atletas do Flamengo na volta do Campeonato Estadual do Rio - Mauro Pimentel 19.jun.2020/AFP

O Flamengo foi quem teve a maior cota com a Caixa entre os vários clubes patrocinados por ela nos últimos anos. No início de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decretou que a estatal não firmaria novos contratos com nenhum time de futebol do país.

Sem ela, equipes como Athletico, Atlético-MG, Corinthians, Cruzeiro e Fortaleza fecharam parcerias com bancos privados.

O ingrediente exclusivo do acordo entre Flamengo e BRB, visto com ressalva no mercado, é que clube e banco, durante os cinco anos de parceria, pretendem se associar e futuramente fazer emissões conjuntas de ações na bolsa de valores (IPO), algo inédito para um time de futebol brasileiro. O caminho para isso, no entanto, não será simples.

“É possível uma sociedade para essa finalidade mesmo com uma associação como acionista, com a transferência de recebíveis do Flamengo”, diz Gustavo Flausino Coelho, advogado especializado em direito empresarial e professor do Ibmec. “Acontece que, dessa maneira, o mais importante é a transmissão de confiança, e o futebol remete à desconfiança, à desordem financeira por conta das suas regras instáveis.”

Para o especialista em finanças Filipe Pires, também do Ibmec, cinco anos é um período curto para a abertura de capital. “IPO é o último estágio de uma empresa madura para capitalizar. A história mostra que esse tipo de negócio a médio prazo não se sustenta. O mercado também está muito receoso em termos de riscos", afirma.

Durante o anúncio nesta quarta, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, afirmou que a formatação do empreendimento conjunto deverá ocorrer somente com a evolução da parceria na venda de produtos do banco.

Com exceção do lançamento de ações, o plano de negócios é semelhante ao dos seus rivais patrocinados por bancos. A diferença está nos valores. Enquanto o Flamengo tem a garantia de R$ 32 milhões, Corinthians e Vasco, parceiros do BMG, recebem em média R$ 12 milhões e R$ 8 milhões, respectivamente.

O BRB deverá lançar ainda neste mês a operação de conta digital com o objetivo de atrair clientes em todo o país. O banco e o Flamengo dividirão em 50% cada um o lucro com a abertura de contas em nome do time, cartões de créditos e venda de produtos como títulos de capitalização e seguros.

"Neste começo de parceria é difícil de falar, mas o Flamengo tem um mínimo de R$ 32 milhões e, pelo plano de negócio, podemos chegar a R$ 50 milhões por ano nesses três anos", disse Landim.

O São Paulo foi o primeiro a fazer parceria com essas bases, com o banco Inter.

“O Flamengo é uma marca forte em todo o Brasil, o importante dessa parceria é que ambos dividem também os riscos do negócio”, diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

A perspectiva, segundo o BRB, é de conquistar 1,5 milhão de correntistas flamenguistas. O banco, atualmente, possui uma carteira de 750 mil clientes e pouca relevância fora do Distrito Federal.

“A parceria com o Flamengo, time com marca de força global, vai permitir ao BRB diversificar seus negócios, expandir sua base de clientes e ampliar a atuação nacional tanto na forma de presença física quanto digital”, diz o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.

Fundado em 1964, o banco tem como acionista majoritário o governo do Distrito Federal. Das 116 agências ativas, 101 estão situadas na capital do país.

Segundo pesquisa feita pelo Datafolha e publicada em setembro do ano passado, os flamenguistas representam 28% da população do Centro-Oeste. Corinthians, com 18%, e São Paulo, com 6%, vêm na sequência. A pesquisa ouviu 2.878 pessoas, 320 delas no Centro-Oeste. A margem de erro nesse recorte é de seis pontos percentuais para mais ou para menos.

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