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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Bodytech vira alvo de credor, que tenta comprar a rede de academias de luxo

Grupo recebeu oferta de R$ 170 milhões da Latache, que discute reestruturação da dívida da companhia na Justiça

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Brasília

A Bodytech enfrenta pressão da Latache Capital, credor da companhia que pretende comprar a rede de academias de alto padrão.

A disputa foi parar na Justiça e se intensificou após a divulgação de que o banco BBI, controlado pelo Bradesco, possui mandato para buscar um novo sócio.

A Latache não esconde o interesse na Bodytech. Em setembro venceu sua mais recente oferta, de R$ 169 milhões, pelo controle da rede de academias.

Fachada da academia Bodytech, na rua da Consolação, na região central de São Paulo - 06.jun.2014-Camila Svenson/Folhapress

Na proposta, o fundo impôs a condição de que esse dinheiro teria de pagar as debêntures com descontos. Essa é a maior dívida da Bodytech —de R$ 209 milhões atualmente.

Segundo a Bodytech, a Latache detém cerca de 10,6% dessa dívida. O restante se concentra em grandes bancos, como Santander e Bradesco, além dos acionistas controladores —Alexandre Accioly e Luiz Urquiza.

Recentemente, a maioria dos credores (89%) aprovou a reestruturação dessa dívida.

Uma parte das debêntures (R$ 105,5 milhões) seguirá com pagamento previsto em contrato. A outra parte (R$ 103,5 milhões) começará a ser paga em um ano.

Esse prazo é considerado pela companhia importante para seu plano de negócio, enquanto o BBI busca um novo acionista.

Recentemente, a empresa também precisou ir à Justiça para garantir um aumento de capital de R$ 24 milhões. Um dos sócios, o espólio de João Paulo Diniz, filho de Abilio Diniz morto em julho de 2022, não concordou com o valor.

Ofensiva

A Latache considera que esse plano deu tratamento diferenciado a credores e, por isso, vetou a operação.

A Bodytech, então, recorreu à Justiça, afirmando ter havido abuso de voto da Latache.

A gestora pediu a convocação de uma assembleia de credores que discutirá os gatilhos para uma execução imediata e antecipada de toda a dívida da Bodytech. Entre eles, está o nível de endividamento da empresa.

No ano passado, esse endividamento deveria ficar em torno de 3,5 vezes o Ebitda (lucro antes de tributos, juros, depreciação e amortizações), índice que, neste ano, terá de ser 3 vezes o Ebitda.

Caso ele não seja atingido, os credores podem acionar o mecanismo de execução antecipada.

No entanto, essa decisão é tomada por todos os credores. No ano passado, a maioria deles optou por conceder um waiver (perdão, em inglês).

Neste ano, segundo credores consultados, devem repetir o procedimento, embora considerem que a Bodytech conseguirá cumprir a meta.

Além disso, segundo credores, a Latache considera que atrasos no pagamento de tributos configuram condição para a execução. Ainda segundo outros credores, isso é "acessório".

Nas conversas, acionistas e assessores dos credores consideram que a companhia enfrenta um ataque hostil.

Para eles, a Latache tenta impedir a entrada de um novo sócio e estrangular a companhia para comprá-la depois.

Ganhando musculatura

A Bodytech mergulhou em dificuldades financeiras durante a pandemia, devido ao isolamento social. Entre 2020 e 2022, acumulou prejuízos de R$ 240 milhões. A dívida foi tomada para que a rede pudesse sobreviver a esse período.

Neste ano, o grupo projeta uma receita bruta de R$ 510 milhões e um resultado operacional de R$ 82 milhões.

Outro lado

A Bodytech diz que sempre se manteve adimplente com seus compromissos financeiros e assim se mantém atualmente.

A companhia informa, via assessoria, que, no início de 2023, "um determinado fundo de investimentos" se tornou um pequeno credor da sociedade.

Depois disso, a Latache apresentou duas propostas não vinculantes para a aquisição da Bodytech que foram totalmente rejeitadas pelo Conselho de Administração, pelos acionistas e demais credores da Bodytech", disse a companhia.

"Seguimos atentos às oportunidades de atrair um investidor para a sociedade, com qualidade, reputação compatível com a nossa história e que construa valor para a sociedade, seus acionistas e demais stakeholders."

A Bodytech diz ainda que, recentemente, obteve um aporte que contou com recursos de 95% de sua base acionária.

"Contamos também com o apoio dos demais credores, que representam 90% das debêntures"

A companhia disse ainda que avalia medidas judiciais.

Consultada, a Latache não quis comentar.

Com Diego Felix

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