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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Família Safra contrata rabino para mediar acordo por herança bilionária

Religioso atua desde que Alberto Safra ingressou com uma ação na Justiça dos EUA

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Brasília

Um rabino de São Paulo foi acionado pela família Safra para mediar a difícil relação entre os herdeiros, que hoje disputam uma fortuna estimada em US$ 20 bilhões. Como tudo o que envolve os Safra, o nome do líder religioso judeu está mantido em sigilo, bem como os valores que vêm sendo pagos.

Profissionais envolvidos nas discussões afirmam que ele foi contratado. Relatos de amigos, no entanto, indicam que estaria recebendo uma bonificação, sem vínculo contratual.

Pessoas que participam das negociações dizem que o religioso é próximo da família e foi acionado para tentar costurar um acordo, que se arrasta desde que Joseph Safra faleceu, em dezembro de 2020.

O banqueiro Joseph Safra com a mulher e empresária, Vicky, durante a apresentação da ópera "Carmen" no Theatro Municipal, em São Paulo (SP) - 26.mai.2014-Bruno Poletti/Folhapress

No centro dessa disputa está a divisão da herança do banqueiro entre os quatro filhos —Alberto, Jacob, David e Esther— e sua mulher, Vick Safra.

Joseph planejou sua sucessão por quase uma década e definiu diversos testamentos ao longo desse período. Pouco antes de seu falecimento, fez doações para os herdeiros.

Naquele momento, Alberto Safra, já tinha deixado sua posição no banco: ele ocupava um dos assentos no conselho de administração.

Com o dinheiro, decidiu aplicá-lo em sua gestora de investimentos criada para concorrer com o próprio Safra.

O projeto pessoal causou um cisma na família que, no passado, vivenciou algo similar quando Moise, irmão de Joseph, decidiu montar seu próprio banco para competir com o irmão.

Ainda em vida, Joseph pediu para que Alberto não seguisse por esse caminho, e que parasse de abordar executivos do Safra para trabalharem com ele.

Alberto acreditava que poderia transformar sua gestora na maior da América Latina com o dinheiro da herança. Segundo estimativas da Forbes Billionaires Index, essa fatia seria de US$ 3,8 bilhões.

Com o revés, Alberto ingressou com uma ação na Suprema Corte de Nova York, nos EUA, em fevereiro de 2023. Na petição, ele acusa a mãe e dois de seus irmãos (Jacob e David) de diluírem de propósito sua participação na holding que controla o banco.

Com a ação, a família buscou a intermediação do rabino como forma de, mais uma vez, chegarem à pacificação. Em 2021, estiveram bastante próximos do entendimento, algo que, ainda segundo relatos, estaria próximo de ocorrer com a ajuda do religioso.

Após a publicação desta nota, pessoas ligadas aos Safra informaram que Alberto não recebeu dinheiro do pai, mas participações acionárias. Ele deixou o grupo em outubro de 2019, após receber ações em maio.

Alberto abriu sua gestora sem conhecimento da família e se retirou do conselho do banco. As doações de Joseph foram feitas dois anos antes de ele falecer e Alberto saiu um ano e meio antes do falecimento. Ele ficou mais de um ano sem ver o pai.

Neste momento, dizem que não há nenhuma conversa dele com a família. Alberto se recusou a seguir os conselhos do pai e estabeleceu um negócio concorrente. A diluição da participação dele foi feita pelo próprio pai um ano antes de morrer.

Com Paulo Ricardo Martins

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