A Petrobras usará o próprio balanço da Azul apresentado nos EUA para desmontar o discurso da companhia aérea de que a política de preços da petroleira para o querosene de aviação é abusiva, encarecendo as passagens.
O CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou publicamente que a estatal cobra o combustível como se fosse artigo importado, o que torna o qav no Brasil o mais caro do mundo, respondendo pela maior parte do preço elevado das passagens aéreas.
O assunto está no centro das discussões entre os ministérios da Fazenda, Portos e Aeroportos e Casa Civil porque o presidente Lula quer reduzir o preço das passagens.
Nas conversas desta semana, a Petrobras apresentará planilhas do balanço mais recente da Azul para mostrar que ela cobrou mais, mesmo gastando menos com combustível.
Nas planilhas do terceiro trimestre de 2023, ela reporta uma tarifa média de R$ 588, um aumento de 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No mesmo período, informou uma redução de 33% no preço do combustível, que passou de R$ 6,1 por litro para R$ 4,1.
Essa combinação norteou projeções de um crescimento recorde da receita por assento (RASK), que poderia chegar a 5% no quarto trimestre do ano passado.
A estimativa supera a de companhias americanas como Alaska, Delta, Southwest e United e American Airlines, que preveem perdas.
Os dados consolidados do ano ainda não são conhecidos.
A Azul é a que tomou a dianteira nas críticas à Petrobras, o que levou, recentemente, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, a afirmar publicamente que a empresa exagera e que não vê suas concorrentes na mesma sintonia.
O enfrentamento ocorre no momento em que o governo tenta viabilizar o Voa Brasil, programa que prevê passagens a R$ 200.
Como noticiou o Painel S.A., as áreas condicionam o programa ao socorro do governo.
A Azul não quis comentar. Mas, no governo, os argumentos apresentados pela companhia são os de que, mesmo com uma queda de 17% no preço do querosene no ano passado, o preço ainda está em patamares muito elevados.
Outros fatores que pesam são a desvalorizado do real e a redução da oferta de assentos pelo setor, algo que pode se agravar com a recuperação judicial da Gol.
Com Diego Felix
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