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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Cooperativa de crédito já tem mais agências bancárias do que o BB

Celso Pansera, presidente da ABDE, a Febraban dos bancos públicos, afirma que bancos de cooperativas e agência de fomento já concentram 45,5% do crédito no país

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Brasília

A ABDE (Associação Brasileira de Desenvolvimento) se tornou uma Febraban de instituições públicas. Sob o comando do presidente da Finep e ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, a entidade possui uma carteira de R$ 2,4 trilhões em crédito, concentrando 45,5% desse mercado.

Boa parte desse desempenho se deve à desistência de bancos privados de abrirem agências, principalmente em lugares pequenos, onde as cooperativas, como a Sicredi, encontraram espaço.

O presidente do Finep, Celso Pansera
O presidente da Finep, Celso Pansera - Renato Costa - 29.mar.16/Folhapress

Por que cresceram tanto?
Com a concentração bancária, houve uma redução muito grande de agências. Parece que todo mundo quer deixar o cliente em casa [atender pela internet]. Aonde as empresas, particularmente as micro e pequenas, estão indo [buscar crédito]? Aos bancos cooperativos, agências de fomento dos estados, que já são muito grandes e com uma capilaridade enorme.

De que tamanho?
O Sistema Nacional de Fomento é de R$ 2,4 trilhões, 45,5% do total do crédito no país. [Esses recursos] financiam 66% dos investimentos [das empresas]. A Sicredi, por exemplo, já tem uma rede bancária equiparável à dos grandes bancos, mas no interior. Ela começa agora a entrar nas grandes cidades

Sicredi já tem o porte de um Banco do Brasil, por exemplo?
Sim, já tem esse tamanho em termos de agência

Onde essas cooperativas captam dinheiro?
No BNDES, Finep, Basa, BNB [instituições de fomento]. Em 2022, a Finep lucrou R$ 280 milhões [com essas operações]. Em 2023, R$ 700 milhões. Isso porque a gente procurou essas pequenas casas bancárias. Ela triplicou suas operações com crédito mais barato e duplicou o lucro, porque a gente procurou essas pequenas casas bancárias.

Pleiteiam uma alíquota menor que a dos bancos tradicionais na regulamentação da reforma tributária? Não podemos tratar diferentes com igualdade. Precisamos de alíquotas diferenciadas para as agências de fomento e para o crédito cooperativo. E vamos buscar isso. Primeiro com o governo, discutindo a regulamentação. Isso é uma conversa sobre o que foi aprovado. E, com o Congresso, sobre o que será aprovado. Então, lançamos recentemente uma agenda legislativa bem forte.

A ABDE virou a Febraban dos bancos públicos?
Por esse modo, sim. Mas a ideia não é competir com eles. Há um mercado [que os bancos da Febraban não atendem] e o Brasil precisa avançar, inovar. O PIB industrial caiu de 21%, em 1970, para 12%. No mundo, saiu de 16% para 19% do PIB. Se a gente não tiver programas e financiamento, a gente não recupera.

Tem uma proposta?
Acredito que chegaríamos a um ponto de termos um Plano Indústria a cada três anos, atacando determinados eixos com o mesmo vigor do Plano Safra.


Raio-X | Celso Pansera

Formado em Letras (UFRJ), sempre atuou em instituições ligadas à educação e a ciência. Elegeu-se deputado federal pelo MDB e foi ministro de Ciência e Tecnologia no governo Dilma Rousseff. Deixou o cargo para votar contra o impeachment e não retornou ao posto. Desfiliou-se e migrou para o PT, em 2018.

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