Paulo Junqueira Moll

Bacharel em economia pelo IBMEC, é CEO da Rede D'Or São Luiz

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Paulo Junqueira Moll
Descrição de chapéu câncer

Inovação em saúde traz benefícios para a sociedade

Olhando o futuro, há razões para uma expectativa otimista diante da revolução tecnológica na saúde

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O site Value of Medical Innovation, mantido por instituições dedicadas a criar um mundo livre do câncer, exibe em sua página um placar eletrônico que contabiliza os anos-vida salvos desde 1990 nos Estados Unidos graças à inovação tecnológica. O balanço se aproxima hoje de 69 milhões de anos-vida. Os interessados encontrarão no site a explicação sobre como se apura o dado. Aqui importa registrar que anos-vida é uma forma feliz de destacar os benefícios da inovação na medicina.

O site nos lembra, com esse indicador, que o propósito da medicina é salvar vidas, e não fica nisso. Ele avança para o domínio da econometria e apresenta estimativa sobre a contribuição que os sobreviventes do câncer dão, com sua sobrevida, ao produto nacional bruto dos EUA. Além disso, lista trabalhos acadêmicos sobre o custo de não inovar. Um deles, do pesquisador Frank Lichtenberg, da Universidade Columbia (em Nova York), procura demonstrar que os maiores avanços em expectativa de vida da população foram obtidos em estados americanos que franquearam o acesso a tratamentos inovadores.

Cientistas da Universidade Tel Aviv fazem pesquisa sobre câncer no cérebro - Nir Elias - 17.ago.2021/Reuters

No Brasil, a expectativa de vida deu um salto nas últimas décadas. Segundo o IBGE, em 1980, de cada mil pessoas que chegavam aos 60 anos, 344 alcançavam os 80 anos; em 2019, eram 604. Quanto disso pode ser atribuído a avanços na medicina? Difícil medir, mas não há por que duvidar que a inovação deu contribuição decisiva.

Olhando o futuro, há razões para uma expectativa otimista diante da revolução tecnológica na saúde. De um lado, ciência e tecnologia colocam à disposição recursos como genômica, nanotecnologia, robótica, inteligência artificial, medicamentos inteligentes, telemedicina —e estabelecimentos de saúde investem pesado para incorporá-los e melhorar os desfechos clínicos. De outro, temos comunicação móvel, internet, aplicativos e dispositivos que envolvem cada vez mais o paciente na condução do tratamento.

Graças às inovações, cresceu nossa capacidade de atuar sobre comportamentos e atenuar fatores que elevam a carga de doenças como obesidade, diabetes, hipertensão e tabagismo. É nesse território que, com apoio da tecnologia, se pode atacar na raiz os gastos excessivos com saúde. Para se ter ideia dos ganhos que se pode obter, nos EUA estima-se que esses “fatores de risco modificáveis” respondem por 27% dos gastos em saúde, segundo o artigo “Health-Care Spending Attributable to Modifiable Risk Factors in the USA”, publicado em outubro do ano passado na revista Lancet.

O caminho da inovação não é livre de perigos. Há, por exemplo, os riscos do excesso de tratamento ou de tecnologias não testadas o suficiente. Antídotos contra esses males são a gestão eficiente da saúde e a adoção de critérios rigorosos de incorporação tecnológica com base em custo-efetividade. Olhando-se o panorama da saúde no Brasil, fica evidente que o compromisso do setor assistencial com a inovação proporciona uma medicina mais efetiva, de menor sofrimento, com redução no tempo de internação e aumento da qualidade e da expectativa de vida das pessoas.

De fato, muitas vezes, a tecnologia na saúde é aditiva em custos. A solução para isso não é restringir a incorporação necessária, mas aperfeiçoar o modelo de cuidado para direcionar os recursos de forma eficiente. Tamanha é a importância da inovação para o desenvolvimento e a sustentabilidade da saúde que ela não deve ser tratada como pauta exclusiva deste ou daquele segmento, do setor público ou do privado. Ela é um objetivo a ser perseguido por toda a sociedade.

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