Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Descrição de chapéu

SPFW deixa de lado see now, buy now e abre caminho para retorno de estilistas

Maior bandeira das últimas duas edições da São Paulo Fashion Week, o see now, buy now será escanteiado na comunicação da semana de moda a partir deste ano.

Invenção americana, esse modelo de apresentação, que fazia com que as coleções desfiladas em um dia ficassem disponíveis para compra logo depois, tinha como premissa turbinar as vendas imediatas a partir da exposição do desfile na mídia. Não colou, nem aqui, nem no mercado internacional.

Grifes importantes do calendário, como Reinaldo Lourenço e Fernanda Yamamoto, não aderiram ao sistema e deixaram de desfilar suas coleções no evento paulistano. Na atual readequação do calendário, que volta a acontecer em abril e entre outubro e novembro, ambos voltarão a desfilar.

Lourenço confirmou à coluna que procura espaço para uma apresentação fora do Pavilhão das Culturas Brasileiras, onde ocorrerá a maioria dos desfiles da próxima temporada. Sua última coleção, apresentada em novembro, no Theatro Municipal, conseguiu reunir toda a casta fashionista mesmo estando fora do calendário de desfiles.

Yamamoto, por sua vez, voltará a desfilar uma vez por ano. Sua moda, de execução complicada e produção limitada, como a maioria das pequenas marcas autorais da semana de moda trabalha, depende de pedidos e tempo de produção elástico para acontecer. O risco de colocar na arara uma peça desse tipo e não vendê-la é grande.

Esse imediatismo causou problemas mesmo para marcas de grande escala, como a Ellus. Ainda que não tenha divulgado números, boa parte das peças da coleção de 45 anos da grife, desfiladas em março de 2017, encalhou nas lojas. A baixa foi sentida no caixa e teria sido o motivo para a marca não desfilar na última edição do evento, em agosto passado.

Procurada, a Luminosidade afirmou, por meio de sua assessoria, que as marcas estarão livres para optar: ou desfilam a coleção de inverno, que entraria no esquema veja agora, compre agora, ou a de verão, que entra nas lojas no segundo semestre.

Trocando em miúdos, o período de testes executado no ano passado, com marcas desfilando as temporadas que quisessem para adequar suas fábricas e fornecedores, virou modelo oficial. O projeto de transformar todo o evento em see now, buy now não será posto em prática.

Espera-se também que esse retorno ao modelo tradicional também dê fôlego criativo às marcas.

Sem a tentação de transformar a passarela em evento para compradores, um modelo que compete aos shopping centers, talvez os estilistas não caiam mais na armadilha de mostrar camiseta e calça jeans como último grito da criatividade e voltem a apresentar imagens compatíveis com o que se espera de uma semana de moda.

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