Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Pedro Diniz
Descrição de chapéu Rússia

Relatório de ecommerce mostra salto de vendas da moda brasileira na Rússia

Um cliente improvável tem movimentado ateliês de marcas de moda desde o início deste ano. A Rússia, que já se prepara para as férias de verão, é o país que mais compra moda brasileira na multimarcas inglesa Farfetch, maior ecommerce de artigos de luxo do mundo.

O último relatório da companhia mostra que os Estados Unidos ainda lideram a lista de maiores importadores de grifes brasileiras, mas, no segmento de moda praia, por exemplo, o Brasil já é responsável por 15,33% de todo o consumo russo na plataforma. Alemanha e Austrália também entraram no ranking dos maiores clientes.

Da oferta de “beachwear” disponível no ecommerce, o Brasil já é responsável por 40% das vendas. De acordo com os dados da empresa, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Emirados Árabes também apresentaram resultados acima da média no último ano, com crescimento de três dígitos.

Esse salto tem a ver com o programa Destination Brazil, criado em 2014 pelo empresário português José Neves para alavancar o estilo brasileiro dentro de sua plataforma. Só no ano passado, o projeto exportou quase 10 mil peças de vestuário nacional.

De todas as marcas comercializadas na ação, as que mais saíram daqui em direção ao país que sediará a Copa do Mundo 2018 são a de moda feminina NK, da empresária Natalie Klein, e as de moda praia Adriana Degreas e Lygia & Nanny.

“Foi uma surpresa para nós. Sabemos que os russos viajam muito ao sudeste asiático entre os meses de maio e junho, em busca de sol, mas não imaginávamos que havia um desejo por moda brasileira a ponto de despontar nos primeiros lugares”, diz Daniel Funis, diretor da Farfetch no Brasil.

O programa de exportações que começou tímido, com apenas oito marcas, hoje agrega mais de 30. Neste mês, as marcas Isla, Track & Field, Framed e Zeferino entrarão no rol de marcas do Destination, que cresceu 212% em 2017 e terá seu modelo reproduzido pelo braço da Farfetch no Japão, ainda neste ano, com o intuito de impulsionar as grifes japonesas. Colômbia, Índia, África do Sul e México também devem receber uma versão do programa.

“É uma forma de grifes pequenas poderem se posicionar internacionalmente sem os custos da operação. Como fazemos toda a logística, fica fácil para as marcas entrarem no mercado externo sem riscos”, explica o executivo.

ACABAMENTO

Ao mesmo tempo que o projeto abriu possibilidades para pequenos criadores, também expôs problemas da confecção nacional. O descuido com acabamento e a falta de padrão de medidas fizeram o percentual de devoluções crescer em relação à média global.

De todas as vendas da Farfetch, 18% voltam para o centro logístico da empresa em Portugal. Para São Paulo, de onde saem as peças das marcas nacionais, 23% são devolvidas.

“Além do acabamento da costura, percebemos uma deficiência no molde das peças, muito grande para os padrões internacionais. O cliente de luxo é muito exigente e não faz uma recompra quando chega ao ponto de devolver a roupa”, diz Funis.

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