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Viver de 'day-trade'

Cresce quantidade de cursos online destinados a quem quer viver disso, mas é possível?

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Que tal ganhar dinheiro trabalhando de casa, sem chefe, sendo dono do seu próprio horário e fazendo um trabalho high-tech, no computador, ligado ao mercado financeiro? Para muita gente essa ideia soa bem atraente.

Esse provavelmente é o sonho de quem tenta viver de "day-trading" na Bolsa de Valores. "Day-trading" é a atividade de comprar e vender o mesmo ativo financeiro (geralmente um contrato futuro) no mesmo dia, na mesma quantidade. O "day-trader" lucra quando seu preço médio de venda é maior do que seu preço médio de compra, descontando-se os custos de operação. Trocando em miúdos, ele tem que ser esperto o suficiente para comprar barato e vender caro ao longo do dia.

A quantidade de cursos online destinados a quem quer viver de "day-trading" só aumenta. E o público é bem diverso. Vai de estudantes a aposentados, passando por médicos e auxiliares de escritório.

Essas informações vêm de uma pesquisa da FGV feita em conjunto com a CVM (Comissão de Valores Imobiliários, o regulador do mercado financeiro) intitulada “É possível viver de 'day-trading'?”. De fato, o número de procuras no Google pelo termo day trade a partir de computadores localizados no Brasil vem aumentando muito, como mostra a ferramenta Google Trends.

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Painel eletrônico mostra valor das ações na Bolsa de Valores de São Paulo - Rahel Patrasso-29.out.18/Xinhua

À primeira vista, soa muito estranho que uma pessoa que faça um curso online consiga tirar dinheiro de maneira consistente do mercado financeiro. Nada contra cursos online. O problema é que o mercado financeiro é um lugar habitado por grandes instituições que investem bilhões e bilhões a fim de descobrir a melhor forma de investir. Será mesmo possível que um médico, um aposentado, um estudante, um auxiliar de escritório, depois do seu curso online, consigam enfrentar esses gigantes de igual para igual? À primeira vista, é muito improvável. E, como mostrou a pesquisa da FGV, à segunda vista também.

O estudo acompanhou todos os indivíduos que tentaram fazer "day-trading" por mais de 300 dias entre 2012 e 2017 e encontrou resultados muito ruins. Enquanto 90% dessas pessoas perderam dinheiro, apenas 1% conseguiu ganhar mais do que um motorista de aplicativo. E isso sendo otimista... O estudo não considerou nenhum custo que os "day-traders" tiveram com cursos, plataformas de trade e imposto de renda. 

Ou seja, se você decidir que vai tentar virar "day-trader" profissional, com mais de 90% de chance, você vai perder dinheiro. Na verdade, não vai perder só dinheiro. Vai perder dinheiro e tempo que poderia ser investido em outra coisa melhor. Mas, no caso de você levar muito jeito para a coisa e conseguir ficar entre os 10% melhores, você muito provavelmente (com 90% de chance, novamente) vai ganhar menos que um motorista de aplicativo.

A conclusão desses números é claríssima. Se você, leitor, está pensando em fazer um curso de "day-trade" para entender mais do mercado, acompanhar o mundo das ações um pouco mais de perto, brincar um pouco com as ferramentas de trade, enfim, se divertir, legal.

Tome cuidado para não perder muito dinheiro e vá se divertir nas horas vagas. Agora, qualquer coisa fora disso é descabida. Imaginar que, com alguma probabilidade razoável, vai dar para construir uma carreira vencedora de "day-trader" é ilusão. 

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