Preto Zezé

Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.

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Preto Zezé

A hora de investir

As empresas devem investir nas favelas agora e tendo os favelados como protagonistas

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Segundo dados do Data Favela, as favelas brasileiras antes da pandemia movimentaram R$ 119,8 bilhões. Isso diz muito para o horizonte que queremos olhar, já que favela para nós vai além do senso comum de só dificuldades ou problemas.

Quando se fala em favela e economia, a favela é colocada como gasto, nunca como investimento. Os debates sobre tributos refletem bem como Estado e empresas olham a favela. Basta olhar questão da carga tributária, onde pagamos o tributo na fonte, onde a taxação vai para algo em torno de 50% sobre o que consumimos.

No mundo, a média nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) é de 32%. Já a média da arrecadação sobre renda nos países da OCDE é de 34% enquanto no Brasil é de só 25%. Existe tributação injusta sobre quem pode pagar menos.

Nem quero entrar no quesito de se criar mais impostos, pois já pagamos demais, mas de redistribuir, equilibrar, já que o cidadão de favela compra um pão e paga um imposto igual ao cidadão de bairro rico, mas os impostos arrecadados retornam em forma de serviços públicos de qualidades, limpeza urbana, iluminação, saneamento básico, assim sendo, ninguém verá ruas esburacadas ou esgoto a céu aberto no Leblon ou nos Jardins, mas na sua favela sim. Desta maneira a favela paga mais.

Na contramão disso, Celso Athayde, CEO da Favela Holding, fundador da Cufa e ganhador do Prêmio de Empreendedor de Impacto Social 2021 pelo Fórum Econômico Mundial, anunciou o lançamento do Favelas Fundos, fundo de venture capital com R$ 50 milhões.

A iniciativa visa acelerar e potencializar negócios e startups de favelas em três estágios, dos mais variados segmentos. entre eles logística, gastronomia, saúde, marketing e tecnologia. A seleção dos projetos será feita pelos CEOs das empresas do Grupo Favela Holding, que tem mais de 20 firmas voltadas ao desenvolvimento empreendedor de favelas e de seus moradores.

O fundo busca atrair novos parceiros para aumentar a captação de recursos e ampliar o leque de startups investidas. Isso sem falar no pioneirismo, pois o foi o primeiro a lançar fundo de investimento com olhos voltados a empreendedores da favela. Em 2017, Athayde vendeu sua participação na empresa Avante, de negócios financeiros, e levantou R$ 2,5 milhões para investir em novos negócios sociais. O lançamento foi em 8 de fevereiro de 2017, quando muitos em favelas passaram a chamar a data de "Dia Nacional do Empreendedorismo da Favela", que, após cinco anos, tem mais de 20 empresas no portfólio.

Como um favelado que criou seu próprio fundo para as favelas, a mensagem é clara: a hora de as empresas investirem nas favelas é agora e tendo os favelados como protagonistas.

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