Preto Zezé

Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.

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Preto Zezé

Fogo amigo preto, não!

Dinâmicas políticas exigem cuidado, ainda mais quando se tratam de pessoas pretas

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A realidade brasileira, com suas desigualdades e complexidades, coloca para os movimentos que lutam pela causa preta um novo cenário e desafio. Resultado de muita luta, a agenda dos pretos e pretas do país avançou, tanto coletiva como individualmente.

Conseguimos pautar que diversidade e questão racial são temas que dialogam, mas precisam ter protagonismo diferenciado no âmbito das empresas, e isso ocorreu com mais intensidade depois da morte de George Floyd, o que nos fez ecoar para além das nossas organizações de ativismos diários.
Hoje temos expertises das mais variadas competências em diversos setores. É o caso do movimento Black Money na economia, com Nina Silva, as quase duas décadas de Feira Preta liderada por Adriana Barbosa, o destaque da intelectual Djamila Ribeiro e um dos maiores canais de funk do mundo, o Kondzilla.

Erika Hilton, primeira deputada federal trans eleita, em São Paulo - Carla Carniel - 10.mai.22/Reuters

Também vemos empresas e artistas bem-sucedidos e influentes, como a produtora Boogie Naipe, o coletivo Lab Fantasma e o selo Chapa Preta, de MV Bill. Se vamos para área dos negócios, temos Celso Athayde, da Favela Holding, premiado no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Na comunicação, os portais Mundo Negro e Notícia Preta, são dirigidos e produzidos por mulheres pretas.

No âmbito da política, várias representações pretas e LGBTQIA+, como Erika Hilton, que será a primeira mulher trans eleita como deputada federal. Também temos o ministro Benedito Gonçalves no TSE, que acaba de lançar uma cartilha antirracista e coordena a comissão de combate ao racismo.

E agora chegamos ao momento mais desafiador, o topo da ocupação de espaços no Executivo federal, com nomes de pessoas pretas sendo indicadas como ministros no futuro governo Lula, como Margareth Menezes e Silvio Almeida.

Dois pontos devem ser bastantes observados, pois dinâmicas políticas exigem cuidado, ainda mais quando se tratam de pessoas pretas, impactadas pelo racismo que opera nos excluindo ou nos dividindo em disputas menores.

A primeira armadilha é o monopólio do bem, movimento muitas vezes oculto, outras vezes declarado, que surge em forma de fogo preto amigo, onde se busca desqualificar o outro para se manter no espaço. Isso tem trazido tanto o afastamento como a fragilização de lideranças importantes. Somos a soma das nossas diferenças.

A segunda é a importância do reconhecimento da diversidade de competências que nos empodera. Respeitar a diferença como virtude e ter a capacidade de costurar as agendas comuns é o caminho que pode garantir que as nossas referências ocupem o Executivo, usufruindo de nosso apoio na sociedade e incorporando as nossas inteligências.

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