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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Recorde de vendas muda qualidade das equipes do Brasileiro

Se os clubes trocam de elenco a cada seis meses é mais difícil ter estabilidade

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O recorde de transferências de jogadores que começaram o Brasileiro e foram para o exterior antes do fim do ano é de 2003: 60. A janela de negociações só se encerra no dia 31 de agosto, e já há 45 atletas da Série A, opções para seus treinadores em abril, na primeira rodada, além fronteiras. São Paulo e Corinthians negociaram cinco atletas cada um e têm a expectativa de vender mais. Rodrigo Caio e a direção são-paulina comemorariam se houvesse oferta da Europa.

A França festejou o título mundial uma semana atrás. Caso raro, o segundo na história de uma seleção vencedora da Copa com mais jogadores convocados de fora do que de dentro de seu próprio país. Eram nove em atividade no Campeonato Francês.

 

O Brasileiro cedeu nove jogadores para a Copa, considerando Guerrero, Cueva e Trauco na seleção do Peru, Borja na Colômbia, De Arrascaeta e Martín Silva no Uruguai, Cássio, Fagner e Geromel no Brasil.
Ninguém sonha que na próxima Copa o Brasil tenha 114 convocados, como o Campeonato Inglês. A questão é perder dois times para o exterior entre a 1ª e a 12ª rodadas. Muda a qualidade das equipes, que já não é o ponto forte do torneio.

A Copa mostrou pela quarta vez que o futebol é cada dia mais conjunto, mecanismo insuperável para deixar os melhores jogadores em condições de mostrar seu talento. Se os clubes mudam de técnico três vezes por ano e de elenco a cada seis meses, muito mais difícil haver estabilidade.

A rodada de quarta (18) evidenciou isso. O Flamengo, líder, sentiu profundamente a falta de dois titulares de um mês atrás, Vinícius Júnior, agora no Real Madrid, e Felipe Vizeu, vendido para a Udinese. Lembre-se de que Vizeu ganhou a posição de Henrique Dourado na última rodada pré-Copa. Sem os dois atacantes, o líder perdeu para o São Paulo.

Verdade que no Morumbi houve a perda de cinco jogadores, mas lá se entende que saíram os que não estavam felizes, ou o grupo não estava feliz com eles. Esse é outro ponto. Os clubes brasileiros ficam extremamente felizes quando vendem. É comum ouvir dirigentes afirmando que precisam vender pelo menos um.

É raro ver casos como o do Palmeiras, que segurou Dudu. Algum torcedor dirá que ele deveria ter ido, porque neste ano não jogou bem. Errado. Dudu tem de ficar, porque com ele o time mantém seu plano de vencer algum campeonato, mesmo que não vença e isso exploda na diretoria, mesmo que ele seja reserva, o que pode acontecer se não mostrar bom futebol. Com Dudu no elenco, quem escolhe é o Palmeiras.
Manter elenco não garante a qualidade do jogo, mas vender no meio da campanha implica mudar planos, buscar outras características, transformar a equipe em plena competição.

O símbolo da conquista do Brasileiro de 2017 foi Fábio Carille, na temporada de negociações, dizer que o maior reforço que podia pretender era não perder nenhum jogador. O Corinthians não perdeu ninguém e foi campeão.

Inversão do calendário

A cúpula da CBF tem como consenso que não se deve acabar com os estaduais. A transformação deles —não a manutenção como estão— pode de fato servir para o país diminuir a impressão de que o mapa de seu futebol é igual ao do Tratado de Tordesilhas. Acaba no leste e não chega nem sequer a Goiânia. Mas além de rediscutir o modelo do futebol e o espaço dos estaduais, é preciso voltar a conversar sobre a inversão do calendário. Jogar de setembro a maio não vai acabar com o êxodo de jogadores, mas pode diminuir o impacto das vendas no Brasileiro, o campeonato que precisa ser o mais importante do país.

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