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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O que se vê hoje no futebol mundial lembra o velho sistema WM

À medida que o adversário se defende com mais gente, mais avançam as linhas ter até seis homens na frente

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A história conta que a mudança da lei de impedimento fez surgir o primeiro sistema tático organizado do futebol. O técnico escocês Herbert Chapman quis acabar com o festival de gols produzido depois de a regra deixar em fora de jogo quem tivesse dois, em vez de três adversários entre si e a linha de fundo.

Chapman puxou um médio para a defesa e fez nascer o WM (veja a ilustração).

Campinho do PVC de 21.mar.2021
Ilustração - Núcleo de Imagem

Como se a história fosse sempre cíclica, o que se vê no futebol mundial lembra o velho sistema.

O Manchester City, de Pep Guardiola, puxa o lateral esquerdo para formar como segundo volante, pela esquerda. Faz isto com o português João Cancelo. Guardiola transformou um lateral direito mediano num médio pela esquerda fundamental.

Muitos dos jogos da Europa têm times mais frágeis tentando defender-se com linha de cinco defensores contra equipes mais fortes invadindo o campo rival com cinco ou seis avantes.

Foi assim no sábado (20), na vitória do Manchester City por 2 a 0 sobre o Everton. O duelo de dois técnicos especiais, Guardiola x Carlo Ancelotti, só se resolveu quando o City colocou em campo seu craque, Kevin De Bruyne. O belga participou do primeiro gol e marcou o segundo.

A formação da ilustração é a do primeiro jogo das oitavas de final da Champions, contra o Borussia Mönchengladbach. Foden pela esquerda, Sterling pela direita, Cancelo como lateral armador e saída de jogo com três.

Lembra o WM, não lembra?

Sterling tenta se livrar de dois marcadores do Everton, em jogo pela FA Cup
Sterling tenta se livrar de dois marcadores do Everton, em jogo pela FA Cup - Paul Ellis - 20.mar.2020/AFP

À medida que o adversário se defende com mais gente, mais avançam as linhas para chegar a ter até seis homens na frente. O problema é a falta de espaço.

Em Everton e City, a linha de cinco defensores de Ancelotti se contrapunha aos seis avantes de Guardiola, num espaço que ia da marca do pênalti até a meia-lua. Ou seja, havia momentos com onze jogadores espremidos em doze metros.

Em 2020, o Leipzig cometeu ousadia ainda maior, fazendo a saída com um homem à frente dos três zagueiros e infiltrando seis jogadores quase em linha no ataque. Venceu e eliminou o Atlético de Madrid com um 3-5-2 torto, Kampl de primeiro volante, quatro homens à frente dele e dois na área.

Enquanto isso, o City esbarrou e foi eliminado pelo Lyon, que usava linha de cinco defensores, semelhante à vencida por Guardiola contra Ancelotti, no sábado (20).

O catalão tenta alcançar seu terceiro título de Champions e o sorteio colocou-o diante de um cruzamento duríssimo. Nem tanto contra o Borussia Dortmund, adversário das quartas, mas especialmente se chegar às semifinais, contra Bayern ou PSG.

Os bávaros têm o melhor time da Europa e os franceses, Neymar e Mbappé. Nenhum dos possíveis adversários possui o cardápio tático de Guardiola, mas o Bayern tem uma máquina de fazer gols como Lewandowski e o PSG conta com uma dupla de craques, capazes de abrir cadeados defensivos.

Cíclico, o mundo nos dá uma pandemia e um novo tipo de WM, cem anos depois. Mas também nos lembra que o homem –e o craque– é o único capaz de produzir antídotos contra a maldade e a retranca.

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