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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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A diferença entre o futebol no Brasil e na Europa está nas trocas de passe

Por aqui, ganham os times que mais finalizam, não os que mais controlam o jogo com a bola no pé

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Homem com uniforme roxo chuta bola entre dois homens com uniforme azul, em gramado
Fernandinho, do Manchester City, em jogo contra o Everton, no sábado (31) - Peter Powell/Reuters

Virou rotina ouvir que há dois esportes diferentes, o futebol praticado no Brasil e o que se vê nas grandes ligas na Europa. Por mais que seja importante ressaltar que o velho continente não inclui apenas o Campeonato Inglês, o Alemão e o Espanhol. Em Portugal, o técnico do Benfica, Rui Vitória, reclama por participar do torneio europeu com menor tempo de bola rolando (53%).

A vitória por 1 a 0 do Palmeiras sobre o Corinthians teve 54%.

O que chamou a atenção na diferença entre a final paulista e os principais jogos de Inglaterra e Espanha, no fim de semana, não foi o tempo de bola em jogo, mas as trocas de passes.

Lucas Lima, o principal armador do Palmeiras, deu 34 passes e errou três. O Manchester City venceu o Everton por 3 a 1 no sábado e Fernandinho foi quem mais tocou na bola: 172 vezes. Errou duas.

O Manchester City é o time de mais posse de bola na Europa. O Palmeiras teve mais posse de bola do que seu adversário em 14 de seus 18 jogos no ano, mas ficou com o controle do jogo apenas 36% do tempo, em Itaquera. Melhor comparar Fernandinho com Balbuena, o maior passador do Dérbi.

Em Itaquera, ninguém tocou mais na bola do que o zagueiro paraguaio, autor de 99 passes e oito erros. Quer dizer que quem mais trocou passes no Dérbi tocou na bola 43% menos do que Fernandinho.

A comparação é menos assustadora quando se analisa o clássico espanhol, Sevilla x Barcelona. Rakitic foi quem mais trocou passes. Equivocou-se em 8 de seus 84. O Barcelona teve 60% com a bola, o Corinthians 64%. Mas a referência corintiana não estava no meio de campo, o setor vital, como no Barça. Estava na zaga.

Aqui há um mérito do Palmeiras, que não deixou os meias corintianos jogarem. Se o Sevilla não conseguiu bloquear o passe de Rakitic e o meio de campo, o Palmeiras impediu a saída de Maycon, acompanhado ferozmente por Lucas Lima.

O Palmeiras é o terceiro time em posse de bola no Paulista, atrás de Corinthians e São Paulo. O City também é exceção na Inglaterra. Não há registro nesta década de o campeão do Campeonato Inglês ser a equipe com maior número de troca de passes.

No Brasil, historicamente ganham os campeonatos os times que mais finalizam, não os que mais controlam o jogo com a bola no pé. Mesmo assim, é um escândalo perceber que o meia-armador do Palmeiras tocou na bola apenas 20% do que Fernandinho fez no mesmo dia.

A questão não parece ser outro esporte, mas outra cultura. Enquanto Guardiola sobreviveu a uma temporada inteira, quatro competições e nenhuma taça, Roger Machado é o quarto técnico do Palmeiras, no mesmo período.

Roger não é Pep e isto não se discute.

Mas seu objetivo é ter sempre o controle do jogo com compactação, posse de bola, marcação por pressão e o maior número possível de passes. Se conseguisse isso depois de 18 jogos em 72 dias seria um milagre.

No dia 2 de abril de 2017, exatamente um ano atrás, o Manchester City estava em quarto lugar no Campeonato Inglês. Jogou em Londres contra o Arsenal, empatou por 2 a 2, teve 56% de posse de bola e seu melhor passador também foi Fernandinho. Só que, em vez de 172 passes, o meia brasileiro tocou na bola 65 vezes.

Campinhos PVC 02.04
Folhapress
Campinhos PVC 02.04
Folhapress

 

O CRAQUE

O venezuelano Otero foi o craque das finais dos Estaduais deste final de semana. Pelo Atlético, contra o Cruzeiro, deu os três passes para os gols na vitória por 3 a 1. Dos 28 gols do time no ano, ele marcou um e deu nove assistências. O Cruzeiro precisa de 2 a 0 para ser campeão

FALHAS AJUDAM

O Estadual do Rio foi péssimo, mas termina com jogos emocionantes por causa das falhas defensivas. Pela terceira vez, Botafogo e Vasco fizeram uma partida cheia de erros —e de emoções. Os erros defensivos permitiram um clássico com cinco gols: 3 a 2 de novo

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