PVC

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PVC

Elenco avaliza talento de Fernando Lázaro no Corinthians

Conhecimento é fundamental e relacionamento é decisivo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os jogadores do Corinthians fazem questão de afirmar que a competência levou Fernando Lázaro ao comando do Corinthians. São cinco vitórias em dez jogos, dois clássicos sem derrota, contraste com o ano passado, de apenas um triunfo em doze confrontos contra Palmeiras, Santos e São Paulo.

"Os treinos são claros e estamos mais bem posicionados", diz um dos líderes do elenco.

Não há comparação com Vítor Pereira, nesta frase.

Fágner foi duro sobre o técnico português no programa Bola da Vez, da ESPN. Tratou do ambiente ruim e fez críticas explícitas. Isto dá margem a se julgar que o apreço por Fernando Lázaro tem a ver com a mudança do ambiente.

Fernando Lázaro durante treino do Corinthians
Fernando Lázaro durante treino do Corinthians - Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Os depoimentos vão em outra direção: "Desde quando era analista de desempenho, as conversas mostravam ideias com as quais a gente concordava."

Esta frase é repetida por mais de um jogador. Lembre-se de que Lázaro foi analista no período de Tite e conviveu com Cássio, Fágner, Gil, Fábio Santos e Renato Augusto, todos campeões brasileiros de 2015 – o lateral-esquerdo saiu para o Cruz Azul no início da campanha.

Vítor Pereira é muito bom treinador. Deu faísca, quando disse que seus jogadores não tinham fome, depois da derrota para o Atlético-GO, pela Copa do Brasil. Não se trata só disso. É importante entender por que o elenco fala sobre posicionamento.

Ádson passou a fazer gols saindo da ponta direita, em diagonal, para ficar perto de Yuri Alberto. Abre o corredor para Fágner atacar, o que dá opção para as inversões de Renato Augusto.

O meia saiu de campo bravo, após o primeiro tempo insosso contra a Portuguesa, em Brasília, porque a equipe não conseguia trocar o lado do campo.

Contra o Palmeiras, conseguiu e o clássico teve alternâncias, com o Corinthians criando chances mais claras de gol, no primeiro tempo e nos últimos quinze minutos, depois das alterações de Abel Ferreira.

O Corinthians muda sutilmente de sistema tático, à medida em que Renato Augusto inverte sua função com a de Roger Guedes, ou Roni prende como primeiro volante e dá liberdade a Giuliano ou Du Queiroz. O time varia do 4-3-3 para o 4-4-2.

Dependendo do jogo, Roger Guedes fecha o lado esquerdo e forma-se uma linha de quatro à frente do volante, um 4-1-4-1.

As variações não fazem ganhar tudo.

O relacionamento ajuda.

Campinhos do PVC mostram esquema tático do Corinthians: campinho1 - O Corinthians posicionado no 4-4-2; campinho 2 - A movimentação que muda sistema
Campinho do PVC - 20.fev.2023 - Folhapress

Existe uma diferença óbvia entre chefe e líder. O primeiro se impõe pelo medo, o segundo pelo respeito. Diz-se, no Porto, que Vítor Pereira era o agente tático na época em que André Villas Boas conduziu a equipe aos títulos nacional, da Taça de Portugal, da Supercopa e da Liga Europa.

Villas Boas teve sua multa rescisória paga pelo Chelsea, recorde para contratar um treinador. Nunca mais fez o mesmo sucesso. Seu sucessor, Vítor Pereira levou o Porto a mais dois títulos portugueses, num deles deixando Jorge Jesus de joelhos após Kelvin marcar o gol da vitória num clássico contra o Benfica.

Lázaro jamais foi apontado como gênio tático de Tite. Ouviu e compreendeu noções do ex-técnico da seleção, assim como de Mano Menezes, Fábio Carille e Vítor Pereira.

Conhecimento é fundamental para qualquer treinador. Relacionamento é decisivo em qualquer profissão.

Não existe líder que não escute.

A médio prazo, Fernando Lázaro pode juntar as duas qualidades.

O melhor

Zidane não deu muitas chances a Vinicius Junior. Carlo Ancelotti, todas. Depois da Copa, o atacante brasileiro foi eleito o melhor em campo em seis das 13 partidas que disputou. O técnico preferido de Ednaldo Rodrigues, na CBF, é excelente no plano tático, e mais ainda nas relações humanas.

Às avessas

O Manchester United disputou 19 partidas depois da saída de Cristiano Ronaldo. Ganhou 15, empatou três e só perdeu do Arsenal, líder do Campeonato Inglês. Neste caso, o culpado parece ser o jogador, não o técnico. E nem sempre é só um ou outro, mas quem constrói o ambiente profissional.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.