Ranier Bragon

Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

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Bolsonaro deveria explicar em uma agência do INSS a sua política de gestão pública

Apagões pipocam aqui e ali na máquina pública; não há Titanic que suporte tanta competência

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A máquina pública é formada por tal engrenagem complexa e impermeável a solavancos que, digamos, mesmo que amanhã assuma a cadeira presidencial o Marinheiro Popeye, o país continuará a sua marcha. Ocorre que tudo tem limite. Lentamente, a incompetência patente, a total falta de ideia sobre o que fazer, o brancaleonismo piorado pela prepotência, o pelotão da ignorância travestido de exército da salvação, enfim, tudo isso, misturado, haveria de cobrar a devida fatura.

Jair Bolsonaro, que gosta de dar voltinhas em Brasília para comer pastéis, visitar feiras, bem que poderia aproveitar algum desses momentos em que não tem, ou não sabe, o que fazer —e eles parecem ser muitos— e dar um pulinho nas agências do INSS. Lá não vendem pastéis, mas foi em uma delas que o repórter Bernardo Caram encontrou o trabalhador rural Paulo Novais de Jesus, que disse aguardar há três meses a liberação de um auxílio-doença. Devido a isso, tem feito incursões na mendicância. “Tive que perder a vergonha de pedir comida para a família.” Ao todo, 1,3 milhão de brasileiros estão em situação similar, no rol de vítimas de apagões que pipocam aqui e ali na máquina pública que Paulo Guedes quer pôr abaixo para o bem geral da nação. 

O presidente Jair Bolsonaro - Alan Santos/PR

Além de ouvir a história dessa gente, Bolsonaro poderia aproveitar a oportunidade e explicar a eles o que não deu certo na sua promessa de só levar os melhores, os mais competentes, para a sua equipe. Guedes poderia ajudá-lo a responder essa.

Além do cenário de deus-dará no INSS, os melhores estão à frente da balbúrdia que inferniza estudantes e sucateia a educação, órgãos do meio ambiente e o programa de casas populares, que retoma as filas e diminui a cobertura do Bolsa Família, que gera panes técnicas as mais variadas e que troca políticas públicas baseadas em fatos e ciência por bênçãos do caderno da tia-avó.

Por mais resiliente que seja esse trambolho chamado máquina pública, não há Titanic que suporte por muito tempo tanta competência.

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