Cabe-me hoje a impossível tarefa de rivalizar com o noticiário das eleições. Vou radicalizar, portanto, com um país de realidade diferente, muito diferente da brasileira: o Canadá.
O Canadá é um dos países mais ricos do mundo, então é fácil pensar que os canadenses não têm problemas.
Bem... eles têm alguns. A começar pelo frio, que inviabiliza a ocupação da maior parte do gigantesco território do país —e dificulta a vida nas regiões ocupadas durante um bom período do ano.
Se você gosta de futebol, pode encontrar um problema no fraco desempenho. O Canadá vai disputar a Copa este ano, pela segunda vez na história, e esta é a razão de termos uma receita canadense aqui, agora.
O maior problema do Canadá, contudo, é o vizinho de baixo. Não tem como ser fácil lidar com uma fronteira de 8.891 quilômetros com os Estados Unidos (incluindo os 2.477 km da divisa com o Alasca, ao norte).
Canadá e Estados Unidos têm um monte de coisa em comum, por serem nações vizinhas e, ambas, ex-colônias da Inglaterra. Para azar dos canadenses, os americanos se tornaram os sujeitos mais poderosos do planeta: na visão do resto do mundo, toda a cultura compartilhada entra automaticamente na conta dos ianques.
Mas o Canadá tem uma vantagem em relação aos EUA, no que diz respeito à diversidade cultural. Um pedaço extenso de suas terras foi ocupado por franceses e manteve essa herança, na língua e nos costumes.
É de Québec, no Canadá francês, que vem a receita de pommes persillade —nome "très chic" para "batatas com salsinha".
Falamos aqui de uma batatinha refogada com muito alho e alguma salsinha. O acompanhamento perfeito para carnes e peixes grelhados.
Pommes persillade é um acompanhamento bem comum nos bistrôs da cidade de Québec. Comida de restaurante.
Para efeito de apresentação e uniformidade do cozimento, a batata é cortada em cubos idênticos. Juro que tentei fazer isso, mas não consegui —batatas estão longe de ser formas geométricas regulares.
O corte reto redunda no não-aproveitamento de quase metade, às vezes mais, da batata. Restaurantes têm milhares de usos para essas aparas. Em casa, a gente precisa de planejamento para evitar um desperdício enorme. Congele.
O pré-cozimento dos cubos de batata é essencial para que, numa segunda fase, eles possam ser dourados com pouco óleo antes de receber o banho de manteiga e salsinha. Também é muito importante que, depois do pré-cozimento, a batata se resfrie— quente, ela vai virar mingau na frigideira.
As batatas com salsinha e alho são também comuns na França (meio evidente) e, olha só, na Argentina: lá elas recebem o nome de papas a la provenzal.
Pommes persillade
Rendimento: 2 porções
Dificuldade: média
INGREDIENTES
4 batatas médias
2 colheres (sopa) de azeite
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de salsinha
4 dentes de alho picados
Sal e pimenta-do-reino a gosto
PREPARO
- Apare as batatas de modo a fazer "tijolos" de lados retos. Corte em cubos regulares com aproximadamente 1 cm de lado. Reserve as aparas para usar em outras preparações culinárias.
- Ferva uma panela de água e cozinhe os cubos de batata por 10 minutos. Escorra e espalhe sobre uma assadeira, forrada com papel toalha, sem encostar um pedaço no outro. Refrigere por 1 hora, pelo menos.
- Numa frigideira, aqueça o azeite em fogo baixo. Doure todos os lados da batata, sem empilhá-las. Trabalhe em etapas, se for necessário.
- Ao final, junte toda a batata dourada na frigideira. Acrescente a manteiga, o alho, a salsinha, o sal e a pimenta-do-reino. Aqueça por 2 a 4 minutos e desligue o fogo. Sirva com carne ou peixe.
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