Renato Terra

Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

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A solução é privatizar o Brasil

Um projeto disruptivo para administração de um país

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É inovadora a ideia de começar a privatização do Brasil pelas praias. A substituição da falida democracia por um modelo de gestão mais eficiente requer coragem e visão empreendedora.

"O Brasil precisa ser administrado com a eficiência de uma loja da Kopenhagen", explicou Flávio Bolsonaro. "Pra que um presidente quando se pode ter um CEO?", concluiu.

Em seguida, o Senado apresentou o projeto de privatização ampla, geral e irrestrita de todo o território nacional: "Somente um board enxuto de acionistas pode promover um downsizing da máquina pública ao mesmo tempo em que maximiza os lucros da nação", defende o texto.

De acordo com o projeto, assim que o Brasil passar oficialmente para as mãos de investidores internacionais, as eleições devem ser canceladas. Um gráfico em forma de pizza mostra que as eleições têm um custo altíssimo e uma logística insana.

Todo o corpo de senadores, deputados, vereadores, juízes e procuradores será substituído por três diretores indicados pelo CEO: a diretoria de finanças, a diretoria de marketing e a diretoria de recursos humanos.

Educação, saúde, aposentadoria e segurança deixam de ser responsabilidade do CEO que administrará o Brasil. Em troca, os brasileiros empregados receberão ticket refeição de R$ 500.

Ilustração colorida de um cartão de crédito preto enterrado na areia da praia
Ilustração de Débora Gonzales para coluna de Renato Terra de 6 de junho de 2024 - Débora Gonzales/Folhapress

A diretoria de finanças definirá trimestralmente o quão grande será o corpo de empregados da empresa Brasil. Já está claro que não haverá emprego para todos. Estima-se que a população brasileira seja reduzida para, no máximo, 50 mil pessoas. As demais serão demitidas.

Quem não quiser deixar o país espontaneamente será acompanhado por um segurança até a fronteira.

Investidores projetam um aumento de 10.000% no lucro líquido em dois anos. Com a modernização dos meios de produção, estudos indicam que a população brasileira em 2040 será de 289 pessoas. Para 2050, o projeto deixa claro que todos os 19 brasileiros viverão livremente sem o risco de serem assaltados. "Brasil será o país mais rentável do mundo em 2055", destacou o editorial de um jornal.

E tem mais notícia boa: a meta pode ser batida com antecedência caso o departamento de marketing consiga vender os naming rights do Brasil (que pode passar a se chamar Red Bull Brazil).

Em caso de falência, o contrato de concessão do Brasil para a iniciativa privada prevê que o país volte a ser uma democracia. E que os acionistas sejam indenizados pelo Estado.

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