Que vergonha, amigos. Viram isso? É muito provável que tenha havido corrupção no processo de escolha do Qatar como país organizador da Copa. Acontece ainda que os estádios terão sido construídos com trabalho escravo. Milhares de operários, trabalhando em condições desumanas, morreram. É um escândalo.
E não me façam falar do regime que vigora lá. Liberdade não há. Mulheres e homossexuais não têm direitos e podem acabar torturados e até mortos pelo simples delito de existirem.
Os responsáveis da Fifa, praticantes há anos das maiores baixarias, desta vez desceram a patamares inéditos de indignidade. O presidente, Gianni Infantino, teve a desfaçatez de dizer há dias que sabe muito bem o que é ser discriminado porque, em criança, era ruivo e tinha sardas.
Quem não se lembra do holocausto ruivo, não é? Ainda me lembro do que chorei ao ler as histórias da "Pippi Meialonga", coitadinha. Astrid Lindgren, a autora da personagem, escreveu apenas que a menina não tinha pai nem mãe porque a mãe tinha morrido e o pai era marinheiro e vivia numa ilha, algures nos mares do sul, mas os leitores mais perspicazes percebiam que a mãe morrera provavelmente com o choque de ter tido uma filha ruiva, e o pai tinha fugido para não ser visto junto de uma criatura com sardas.
A minha indignação com esta Copa vergonhosa é tal que não tenho alternativa: serei obrigado a tomar medidas drásticas. Vou colocar uma fotografia do símbolo da Fifa de pernas para o ar nas minhas redes sociais. E talvez uma bandeira do arco-íris, para eles aprenderem. É que estas injustiças deixam-me mesmo fuRicharlison! Gol! Neymar driblou dois, a bola sobrou para o Vinícius, Vinícius bateu, o goleiro não segurou e Richarlison fez o gol! É do Brasil!
Bom, onde é que eu ia? Ah, sim. A Copa. Quer dizer, o Qatar talvez não seja o melhor país para organizá-la. Mas fazer o quê? Se só as democracias liberais puderem receber estes grandes torneios ficamos reduzidos sempre à mesma meia dúzia, não é? E pode ser uma oportunidade para eles se abrirem ao mundo.
Já viram a mascote? É muito querida. Chama-se La’eeb, que significa "grande craque". E, como está vestido com um dishdasha branco também parece um fantasminha, acabando por constituir uma doce homenagem aos milhares de trabalhadores mortos durante a construção dos estádios.
Nestas alturas também é preciso ser um pouco toleRicharlison de novo! Golaço! Um voleio! Meu Deus! O mundo é lindo! Viva a Copa! Viva o Qatar!
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