Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Marcelo Odebrecht diz à Justiça que não consegue pagar suas despesas pessoais

Demitido pouco antes do Natal, herdeiro quer que empreiteira volte a lhe dar remuneração mensal de R$ 115,8 mil

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O empresário Marcelo Odebrecht afirmou à Justiça não ter condições de pagar suas despesais pessoais e que tem recorrido a empréstimos de amigos para poder honrar seus compromissos. “Contas e mais contas estão se acumulando”, afirmou.

Segundo ele, para agravar a situação, por conta da pandemia do coronavírus, não tem como “buscar outras fontes de renda para manter seu próprio sustento”.

As declarações foram feitas em um documento no qual o acionista e herdeiro pede que a Justiça obrigue a Odebrecht a voltar a lhe pagar uma remuneração mensal de R$ 115,8 mil que, segundo ele, está prevista em acordo assinado com a empresa. De acordo com o empresário, a remuneração tem de ser paga até o final do cumprimento de sua pena restritiva de liberdade no âmbito da operação Lava Jato.

Os valores deixaram de ser transferidos depois que a empresa, dias antes do Natal, demitiu Marcelo por justa causa e contratou um escritório de advocacia para investigar as circunstâncias em que a antiga diretoria negociou o acordo.

A demissão foi feita após reportagem da Folha revelar mensagens por meio das quais Marcelo criticava a condução do conglomerado. O empresário colocava na conta do pai, Emílio Odebrecht, muitos dos erros que teriam levado a organização à recuperação judicial.

No mês passado, a Justiça determinou, a pedido da própria empresa, o bloqueio de R$ 143,5 milhões que a Odebrecht pagou ao seu acionista nos últimos anos para garantir sua colaboração com as investigações da Lava Jato e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Alega que o acordo foi assinado mediante ameaças de que incriminaria executivos da empresa.

Marcelo afirma que a Odebrecht iniciou uma verdadeira guerra contra ele quando a alta direção da empresa começou a “se sentir ameaçada com a intensificação de sua colaboração com a força-tarefa”. Segundo ele, por conta disso, a empresa criou uma narrativa fantasiosa e está tentando sufocá-lo financeiramente.

“Todas as contas correntes da família estão bloqueadas e ninguém consegue movimentar nenhum centavo sequer”, diz seu advogado, citando Marcelo, sua mulher e as três filhas. “Tal bloqueio prejudica, inclusive, Marcelo de arcar com as custas de se defender contra as ações da Odebrecht e de continuar sendo efetivo no seu acordo de colaboração.”

Marcelo destaca no processo que, além do custeio das despesas da família, também é responsável pelo pagamento das dos seus sogros, sendo que seu sogro sofre de mal de Alzheimer. “Trata-se de verdadeira questão humanitária, na medida em que Marcelo e seus familiares, da noite para o dia, se encontram privados de todos seus rendimentos e ativos financeiros.”

À Justiça, a Odebrecht afirmou que o contrato assinado é ilegal e “que é incrivel que o executivo que liderou um dos maiores esquemas de corrupção da história e que foi condenado onze vezes por corrupção ativa e cinquenta por lavagem de dinheiro tenha a audácia de se dizer vítima da companhia”.

Diz também que dos R$ 143, 5 milhões bloqueados, apenas R$ 89,8 milhões foram encontrados. A empresa afirma ainda que, embora não ignore as dificulades de se conseguir novo emprego, Marcelo passou para o regime semiaberto e não está impedido de exercer atividade profissional remunerada”.

O processo tramita sob segredo de Justiça.

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