Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Descrição de chapéu Folhajus

Promotoria pede condenação criminal de Mário Frias por ofensas a Adnet

Ex-secretário de Bolsonaro chamou humorista de 'crápula' e 'Judas'

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O Ministério Público do Distrito Federal recomendou à Justiça a condenação do ator Mário Frias, secretário especial da Cultura no governo Jair Bolsonaro, por ofensas ao humorista Marcelo Adnet.


Em setembro de 2020, Frias chamou o humorista em suas redes sociais de "garoto frouxo", "criatura imunda", "crápula" e "Judas". Disse também que Adnet era um "palhaço decadente que se vende por qualquer tostão". "Onde eu cresci ele não durava um minuto", afirmou.


Os ataques foram feitos após a divulgação de um vídeo no qual Adnet parodiava uma campanha publicitária lançada pelo governo federal durante as comemorações do 7 de Setembro.

Chamada de "Um povo heroico", a peça oficial trazia Frias em uma sala escura observando objetos históricos e esculturas de personalidades brasileiras. Em um discurso ufanista, com pausas dramáticas e citações ao hino nacional, o ator dizia que a história brasileira precisava ser contada.


Na paródia, Adnet, imitando Frias, afirmava que o vídeo mudaria a história da cultura do Brasil. "Quais são os símbolos da nossa cultura?", questionava, olhando para um quadro com um indígena de cabeça para baixo. Depois, mostrando uma cadeira, perguntava: "Será que Getúlio sentou-se nessa cadeira bonita? Sei lá".

"Adnet fez uma comédia singela, que deveria ter sido levada na esportiva por seu colega de profissão", afirmou à Justiça a advogada Maíra Fernandes, que representa o humorista. "A bem da verdade, ele nem consegue compreender tamanho destempero por parte de Frias. Jamais poderia supor que seria tão ofendido."


Frias se defendeu no processo dizendo que apenas fez uma resposta pública após "ter sido vítima de recorrentes falas jocosas e desrespeitosas" divulgadas por Adnet.

Atualmente deputado federal (PL-SP), Frias afirmou ter sido alvo de "provocações extremamente hostis" por parte do humorista, que realizou "imitações" e citou seu nome "de forma jocosa e desrespeitosa", com o "objetivo de desgastar sua imagem".

"Não se pode exigir que Frias tolere tamanho desrespeito à sua imagem e ao seu trabalho, independentemente de se tratar de publicações humorísticas ou não", declarou sua defesa no processo.

O promotor Antonio Henrique Suxberger não concordou com a argumentação do deputado. Ao pedir sua condenação por crimes de injúria e difamação, afirmou que as manifestações artísticas de Adnet não configuraram uma atitude ilícita. Já as declarações de Frias foram qualificadas como "infamantes".

O processo criminal ainda não foi julgado.

No início de outubro, Frias foi condenado em uma outra ação, de natureza cível, a pagar uma indenização por danos morais de R$ 30 mil a Adnet. Frias recorreu da decisão, tomada pela Justiça do Rio de Janeiro, mas ainda não houve nova análise.

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