Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Descrição de chapéu Folhajus Pix tecnologia

A busca pelo Pix global

Blockchain pode trazer eficiência e inovação para sistema de pagamentos mundial

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Se tem algo em que o Brasil acertou na mosca do ponto de vista de políticas tecnológicas, é o Pix. O projeto, iniciado em 2014 e concluído nesta gestão do Banco Central, reúne muitas das qualidades que se espera no uso da tecnologia por parte dos governos. É um projeto aberto, generativo, open source e que serve de fundação para uma quantidade inimaginável de outras inovações e ganhos de eficiência.

Outros países, como o México, têm projetos similares, como o CoDi. Mas o Pix leva vantagem em termos de decisões de design. É mais abrangente e flexível do que o hermano mexicano. O sucesso do modelo foi tão grande que virou influência internacional. O BIS (Banco de Compensações Internacionais) está testando um sistema parecido com o Pix que permitiria enviar valores e pagamentos de pessoa para pessoa, diretamente, abrangendo 60 países.

É melhor o BIS correr. Há competidores mais rápidos no horizonte. Graças à chamada Web 3, é provável que o verdadeiro Pix global surja antes a partir da tecnologia blockchain do que das redes dos bancos internacionais. Quem está mais próximo de conseguir realizar esse projeto é a rede Stellar, responsável por gerir projetos envolvendo a criptomoeda XLM.

Cliente paga conta via Pix pelo celular em padaria de São Paulo
Cliente paga conta via Pix pelo celular em padaria de São Paulo - Karime Xavier - 4.dez.2020/Folhapress

Primeiramente, vale dizer que faço parte do conselho da Fundação Stellar, então tome as informações abaixo com os grãos de sal que achar necessários. Em todo caso, o XLM hoje é o primeiro projeto que conseguiu construir uma rede global que permite a transição sem obstáculos entre dinheiro físico e cripto. Em outras palavras, criou uma infraestrutura adequada para um Pix global.

Isso foi feito através do uso da rede Stellar por parte da empresa financeira global MoneyGram. Criada em 1980, a MoneyGram tem mais de 420 mil escritórios e representantes espalhados pelo mundo. Até há pouco tempo, sua forma de serviço era parecida com um banco. O cliente deposita uma quantia na empresa. Essa quantia pode então ser retirada pelo destinatário em qualquer outra loja nos mais de 200 países em que a MoneyGram está presente.

Tudo mudou com a parceria com a rede Stellar. Não é mais necessário fazer um depósito. Basta ter um aplicativo de wallet no celular (como o Vibrant) e converter qualquer valor em dólares (usando a moeda estável USDC). Isso pode ser feito em casa ou indo a uma loja MoneyGram. Para retirar o dinheiro físico novamente, basta ir a qualquer loja da MoneyGram em qualquer lugar do mundo e fazer a retirada. Diretamente de cripto para dinheiro físico.

Essa rede posiciona apps como o Vibrant como um dos principais candidatos no momento a funcionar como um Pix global. É possível enviar dinheiro para qualquer lugar do planeta, pelo celular e de forma instantânea e retirar em dinheiro em 200 países. As aplicações desse modelo são inúmeras. Por exemplo, há relatos de refugiados da Guerra da Ucrânia utilizando essa rede para conseguir levar suas economias na fuga.

Outro ponto importante é que a Web 3, blockchains e criptomoedas estão em um momento crucial. Por muito tempo houve muitas promessas de aplicação no mundo real, mas poucos projetos realmente se concretizaram. Esse projeto demonstra que a infraestrutura de blockchain pode trazer eficiência e inovação para o sistema de pagamentos global.

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