O Carnaval carioca ressuscitou do Sambódromo, onde esteve enterrado durante 30 anos, e voltou para a rua, que é o seu lugar. Os blocos ainda não conseguiram com que seus sambas sobrevivam ao dia do desfile, mas há indícios de que a música também pode recuperar a importância que já teve na folia. Uma nova marchinha, pelo menos, acaba de furar o bloqueio e tomar os salões: a deliciosa "Alô, Alô, Gilmar", de João Roberto Kelly.
Falta devolver ao Carnaval o prestígio que o fazia atrair grandes nomes. Nos últimos anos, Madonna, Schwarzenegger e outros andaram por aqui --sabe-se disso porque foram fotografados num camarote de cerveja. Mas, nas décadas de 50 e 60, eles não se limitavam a ir aos bailes. Tomavam a cidade, misturavam-se —literalmente— com os nativos e alguns, como Rock Hudson, Romy Schneider, Jayne Mansfield e Odile Rubirosa, entraram para a história da festa.
Foi também o caso da roqueira Janis Joplin, que, já famosa pelo LP "Cheap Thrills" e pelo festival de Woodstock, chegou de surpresa no Carnaval de 1970. Veio para dar um tempo na heroína, droga que, garantiram-lhe, não existia no Rio. E não existia mesmo, mas, como Janis praticava a dupla militância, heroína e álcool, não faltavam substâncias a que ela se apegasse: Fogo Paulista, licor de ovos Dunbar e vodca —duas garrafas por dia de cada uma.
Em uma semana, Janis bebeu e circulou com os roqueiros locais, assistiu ao desfile das escolas, deu canja em inferninhos, fez topless na piscina do Copa, teve queimaduras de vários graus ao sol da praia da Macumba e foi barrada como mendiga no baile do Municipal.
Mas sua principal aventura foi, em meio a um coma alcoólico numa praça em Ipanema, ter os chumaços de suas axilas raspados por um grupo de rapazes. Morreu oito meses depois, embora por outros motivos.
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