Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro

Cercando o resultado

Inspirado em Trump, Bolsonaro já se prepara para virar a mesa em 2022

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os EUA foram às urnas no dia 3 de novembro e a apuração, como nos lembramos, se arrastou tanto que foi motivo de piadas. A edição seguinte da revista The New Yorker, de 9 de novembro, não falava do resultado e, mesmo que o processo fosse mais rápido, não teria como. As semanais americanas são feitas com grande antecedência, e sua data de capa é muito adiantada em relação à da efetiva circulação. Significa que, quando aquela New Yorker estava sendo preparada, a dias da eleição, ninguém sabia ainda se daria Donald Trump ou Joe Biden.

Mas um dos principais artigos da edição, "Gaming the endgame", por Jane Mayer, trazia uma antecipação do que aconteceria em caso de derrota de Trump. O título, significando aproximadamente "Cercando o resultado", previa o que ele faria se perdesse --o que aconteceu. E, até agora, um mês depois das urnas, Mayer acertou tudo.

Trump jamais aceitará a derrota, ela escreveu. Não reconhecerá a vitória de Biden nem o cumprimentará. Contestará sem provas a validade da apuração nos estados em que perdeu. Falará de fraude nos votos pelo correio e porá suas milícias para acusar o sistema. E, se a derrota for definitiva, o passo seguinte será se anistiar pelos crimes que cometeu durante a gestão.

Trump, se quisesse, poderia anistiar a si próprio, mas isso seria impensável até para seu cinismo. Nada impede, no entanto, que, em seu último dia na Casa Branca, ele se licencie por uma hora. O vice Mike Pence assumirá e o anistiará. Trump, então, reassumirá com a ficha limpa e só então irá embora. É aguardar.

Incrível como cada passo ilegal de Trump pôde ser previsto por uma jornalista. No Brasil, Jair Bolsonaro já se prepara para uma eventualidade —vide sua campanha contra o voto eletrônico. A Justiça brasileira fica, assim, prevenida de que pode estar sendo cozinhado um crime, para se somar aos que Bolsonaro terá cometido até 2022.

Trump ri com Bolsonaro antes de jantar na Flórida - Tom Brenner/Reuters

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.