Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ruy Castro

Dans le Petit-Paul de la Viole

E se as estações do Metrô de Paris fossem batizadas pelos grandes nomes do samba em francês?

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Há tempos, quando o Brasil ainda se conectava com o mundo, o carioca Reinaldo Figueiredo, cartunista, contrabaixista de samba-jazz e uma das estrelas do Casseta & Planeta, estava no metrô em Paris. Ao tentar se entender com o mapa da Linha 10, Reinaldo identificou a estação Mirabeau. Por ser em Paris, o nome se referia, claro, ao grande escritor e político conde de Mirabeau (1749-91).

Fosse no metrô do Rio, o dito Mirabeau teria de ser seu não menor xará Mirabeau Pinheiro (1924-91), autor de “Cachaça” (1953), “Tem Nego Bebo Aí” (55) e “A Turma do Funil” (56), imortais marchinhas do nosso Carnaval dedicadas ao leit motiv birita.

A Linha 10 do Metrô de Paris imaginada pelo cartunista Reinaldo, com os nomes dos sambistas
A Linha 10 do Metrô de Paris imaginada pelo cartunista Reinaldo, com os nomes dos sambistas - Divulgação

Intoxicado de Paris e como que vítima de uma alucinação passageira, Reinaldo pensou ver no mapa da Linha 10 os nomes de outros grandes do samba, como se eles batizassem as estações que passavam pela janela: Noël Rose, Nelson Cavaquigne, Jacob du Mandoline, Moacyr Lumière, Monarque, George de Aragon, J. Cascade, Paul de la Portelle, Charles Cachace, Madame Yvonne Lara, Wilson des Neiges, Petit Boulanger, Alcione la Marron, Petit-Paul de la Viole.

O delírio seguiu: Jean Gilbert, Maître Marçal, Dudu Noble, Joseph Kéti, Claire Nunes, Dong, Clementine de Jésus, Cartole, Louis-Charles de la Ville, Jean de la Baiane, Leci Brandon, Joveline Perle Noire, Robert Sans Bras, Thérèse Christine, Anicet de l’Empire, Hermine Beau de Chêne, Aldir Blanc Rouge et Bleu.

Parecia não ter fim: Petit-Martin de la Ville, Hector des Plaisirs, Arlind Croix, Beth Chêne, Assis Vaillant, Jamelon, Nelson Sargent, Joseph Pagodigne, Station Première de Manguier. E só então ele acordou do transe.

Este é apenas um dos achados de Reinaldo Figueiredo em seu novo livro, “Paradas Musicais”, uma saraivada de quadrinhos, cartuns e textos sobre jazz, pop, rock e samba, com o humor, violência e sofisticação que já o tornavam único desde nossos tempos no Pasquim dos anos 70.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.