Em 1949, uma lei antitruste nos EUA proibiu que os estúdios de cinema, além de produtores, fossem também os distribuidores de seus próprios filmes e proprietários das cadeias de cinemas que os exibiam. Até então, os arrendatários desses cinemas tinham de absorver toda a produção, gostassem ou não de tal filme. Obrigados a vender suas salas, os estúdios perderam o controle porque, com a lei, os novos donos delas podiam programar o que quisessem e eles, claro, preferiam os "grandes filmes".
Os estúdios —Metro, Paramount, Warner, 20th Century-Fox, Columbia e Universal— tiveram de enxugar a produção e a folha, demitindo atores, diretores, roteiristas, cenógrafos, músicos, técnicos e operários. Com o surgimento dos produtores independentes, foi o fim daqueles potentados e, em consequência, de gêneros como o musical e o western, que exigiam especialistas ao alcance da mão. Nos anos 70, os estúdios já tinham sido absorvidos por gigantes dos combustíveis, hotéis, imóveis, TV e comunicação. Deles, hoje, só restam as marcas. A Disney é exceção --nanica nos anos 50, não foi afetada e multiplicou-se.
Só o cinema sofreu. As multinacionais de óleo continuaram a extrair petróleo, transformá-lo em gasolina e vendê-lo em seus postos. As da música popular nunca deixaram de gravá-la, imprimi-la em suas mídias e controlar sua venda. E a Amazon, que começou como uma livraria eletrônica destinada a destruir as livrarias físicas, hoje também edita livros para destruir as editoras, assim como ameaça fazer com as fábricas de eletrônicos, fogões, câmeras, tênis, fraldas, ração de cachorro e até foguetes espaciais.
Sem falar na família mamute, o Facebook, a quem pertencem o Messenger, o WhatsApp, o Instagram e outras mandingas que levam 2,7 bilhões de pessoas ao desespero se derem pane por algumas horas.
Pobre Hollywood. Pagou por produzir "Cidadão Kane" e obrigar o dono do Cine Bijou a exibi-lo.
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