A atual configuração geográfica da bacia amazônica é fruto de dezenas de milhões de anos de evolução geológica e biológica, que acabou gerando a maior biodiversidade do planeta: entre 10% e 15% de todas as espécies da fauna de vertebrados e das plantas vasculares estão na Amazônia, que ocupa menos de 4,7% da superfície terrestre continental. Ao longo de 12 mil anos, essa floresta exuberante foi a morada dos povos originários da América do Sul, que transformaram a paisagem cultivando e manejando o solo e a biodiversidade.
Essa relação ancestral acabou produzindo uma visão de mundo e um sofisticado conhecimento ambiental fundamentais para que enfrentemos as crises ambientais, socioeconômicas e éticas da sociedade atual.
A Amazônia perdeu 18% de sua floresta em pouco mais de cinco décadas. O avanço do desmatamento esteve muitas vezes relacionado a abusos dos direitos humanos, à emergência de economias clandestinas e à grilagem de terra, estimulados pela falácia de tornar produtivas aquelas terras.
Secas, queimadas, ondas de calor, risco de epidemias decorrem da degradação da floresta e das mudanças climáticas globais, com impactos nefastos para a saúde e o bem viver do planeta.
O modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia ainda precisa ser construído, e deve ser fundamentado em pilares de justiça e inclusão social, no fortalecimento das populações indígenas e comunidades locais, enquanto conservamos a floresta em pé e os rios saudáveis.
Nós já conhecemos os caminhos e as soluções. Agora precisamos de vontade política.
*Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Em julho, colunistas cedem seus espaços para refletir sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil. Ruy Castro cedeu seu espaço desta semana
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