Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Pérolas nos candelabros

Por que os jogadores de futebol e cantores sertanejos têm dentes muito mais claros do que os nossos?

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O fenômeno não é novo, mas continua a me intrigar: por que astros de Hollywood, cantores sertanejos, jogadores de futebol, lutadores de MMA, deputados bolsonaristas, BBBs aposentados ou na ativa, influencers, hackers, haters, stalkers, geeks, gamers, trolls, nerds e outros modernos profissionais têm dentes tão brancos? O que faz com que, captados pelas câmeras, seus teclados dentais relampejem no vídeo e iluminem o cenário como pérolas pendendo dos candelabros? Produzem um sorriso tão branco que, no escuro, lembram aquele gato de "Alice no País das Maravilhas".

Por que nós, profissionais de áreas mais tradicionais, não fomos agraciados com tal alvura? Fui aos canais competentes em busca da resposta e descobri que os relampejantes adotam várias maneiras de branquear os dentes: usar pastas especiais, escovar com bicarbonato, enxaguar com água oxigenada, pincelar com caneta gel, aplicar fitas para clareamento, esfregar casca de banana.

Infelizmente, há algo nos dentes que faz com que esses ingratos teimem em escurecer por conta própria, obrigando os usuários de tais métodos a se absterem de vinho tinto, café, cerveja, Coca-Cola, chocolate, molho de soja, curry, ketchup, dendê, açafrão e demais corantes. Daí a preferência do pessoal por um novo método: as lentes de contato dentais.

São mais ou menos como as lentes de contato para os olhos, com a diferença de que, com estas, você pode morder maçãs, cenouras e torresmos sem risco. Com as lentes dentais, não. Enfrentar uma rapadura ou um rolete de cana, nem pensar. Nem mesmo roer as unhas. E são contraindicadas também para quem sofre de bruxismo, aquele hábito de, com ou sem motivo justo, ranger os dentes enquanto dorme.

Para mim, no entanto, o grande problema de superbranquear os dentes é que isso nos priva de um dos prazeres da vida: diante de uma gafe cometida por alguém, dar um sorriso amarelo.

O cantor Gustavo Lima observa Jair Bolsonaro, então presidente e candidato à reeleição, no Palácio da Alvorada, em outubro de 2022
O cantor Gustavo Lima observa Jair Bolsonaro, então presidente e candidato à reeleição, no Palácio da Alvorada, em outubro de 2022 - Ueslei Marcelino - 17.out.22/Reuters

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