Jason, Freddy Krueger, Samara, Hannibal Lecter, Michael Jackson. Esqueça todos eles, os vilões olímpicos são muito piores e podem te assombrar para o resto da vida, mas a cada quatro anos (pandemias à parte).
Mireya Luis, Kanu, Ben Ainslie, Gamova, Baloubet du Rouet e o ex-padre-irlandês ganham em 2021 a companhia do nipo-californiano Kanoa Igarashi, o surfista de cabelos prateados que impediu uma final brasileira no surfe.
Comecemos por Mireya Luis, uma cubana “baixinha” de 1,75 m, atacante impiedosa e provocadora. Com Regla Torres e companhia, bateu o ótimo time de Bernardinho na semifinal do vôlei feminino em Atlanta-1996.
O Brasil estava melhor, até que as cubanas começaram a incluir a provocação no jogo e viraram. Imagino até hoje Ana Moser acordando suada aos sons de “salta chica, salta chica” —grito de Mireya a cada ponto. Leila ficou tão mal que virou senadora.
Na mesma Atlanta, o nigeriano Kanu fazia gols, sorria e dançava na semifinal contra o Brasil. Ainda teve o sadismo do gol de ouro. Marcou, acabou. Galvão tentou colocar a culpa no Rivaldo, maldade. O vilão foi Kanu e sua dança do gol da morte súbita.
A Olimpíada de Sydney-2000 foi um pesadelo completo para brasileiros, que dormiam e acordavam esperando uma medalhinha de ouro, e não veio. Culpa de Ben Ainslie, o rival de Robert Scheidt na classe laser.
Na última regata, Scheidt só precisava ficar entre os 20 primeiros, mas o rival, que bloqueava o avanço de Scheidt desde a largada, travou o brasileiro e levou o ouro.
Na mesma edição, outra esperança foi Rodrigo Pessoa, cavaleiro experiente e medalhado na prova de saltos. No entanto, Baloubet du Rouet refugou. Mesmo quem não sabia soletrar “refugou” passou anos com Baloubet na memória. Alguns equinos dizem que foi de propósito —o cavalo era francês, e a medalha iria para um brasileiro depois de ele fazer todo o trabalho?
Baloubet ganhou o ouro em 2004, mas ninguém lembra.
Ah, Atenas. Nada mais olímpico do que vencer uma maratona na Grécia no último dia dos Jogos de 2004. E Vanderlei Cordeiro de Lima liderava com folga e mantinha um ritmo que o levaria a vitória.
Foi quando, do nada, surgiu um ex-padre irlandês do meio da plateia e derrubou Vanderlei. Um torcedor grego conseguiu ajudar o brasileiro a se livrar do padre, mas o maratonista perdeu o ritmo, foi ultrapassado e terminou com o bronze, feliz. Feliz ele, quem viu ficou revoltado.
Na mesma Atenas, choramos com Gamova, a atacante russa com carinha de anjo e impulsão do demônio, corresponsável por uma das maiores viradas do esporte. A vítima foi novamente o vôlei feminino.
O Brasil ganhava de 24 a 19 no quarto set e levou a virada. É mais ou menos como fazer 7 a 1 na semifinal da Copa e levar a virada. Foi chocante. Certeza de que há camisetas na Rússia com a inscrição "24 a 19".
E Kanoa Igarashi? Bem, alguém vai dizer que ele não tem culpa de ter tirado aquele notão, ainda que depois da manobra ele tenha feito cara de cobrança para os juízes… no Japão… com um japonês.
Enfim, Igarashi, que até parece simpático, fala português e gosta de açaí, tem um agravante no seu vilanismo: o Twitter. Precisava postar um “chora, chora que tou feliz, hehehe”? Provocador. Que caia sobre você a ira da família Brunet até os próximos Jogos!
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