Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sandro Macedo

Premier League fora do (meu) alcance

Se você ganha em reais, tem mais probabilidade de ver um jogo da Premier League em SP que em Londres

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Existe uma lei do Universo, não ensinada nas escolas, que multiplica a distância geográfica de sua residência pela sua miserabilidade econômica para te mostrar quão perto você (não) está da Premier League.

Na prática, se os seus rendimentos são em reais, as chances de ver em São Paulo um jogo da Premier League são maiores do que vê-lo em Londres, mesmo estando lá.

No querido centro velho, por exemplo, este escriba tem acesso a todos os jogos da rodada, via streaming, um luxo. Já em Londres, suei chá inglês para conseguir ver um joguinho no pub.

Sim, sim, este escriba —praticamente de volta à humilde realidade— resolveu passar cinco dias na capital inglesa depois da esbórnia olímpica e paralímpica em Paris. E o plano, entre outros planos, passava por chafurdar na Premier League.

Lance de Arsenal x Tottenham Hotspur - Adrian Dennis/AFP

Mas a querida liga do futebol inglês não é a mais milionária da galáxia à toa. Ela tem os clubes mais ricos, boa parte dos jogadores mais bem pagos, os estádios mais incríveis… e o ingresso mais caro.

É preciso ter algo de inocente para achar que, sem planejamento de meses e com uma conta bancária em reais, dá para chegar em Londres e escolher qualquer jogo da primeira divisão. Não dá. E com a libra valendo por volta de R$ 7,30, até a pomposa Paris ficou com cara de cidade-pechincha.

Assim, descobri que era impossível tentar ver Tottenham x Arsenal (na torcida visitante, claro).

Que tal então um outro jogo em Londres menos bojudo que o North London Derby? Minha querida vizinha de coluna Marina Izidro me recomendou um site mais confiável de venda de ingressos.

Assim, de supetão, nada disponível custava menos de 70 libras, nem Crystal Palace x Leicester, muito menos Fulham x West Ham (outro clássico da capital).

Desencorajado pelo sistema capitalista, pareceu uma boa alternativa fazer uma visita guiada ao belo Emirates Stadium, casa do Arsenal —fiz uma em 2012, acho.

O Emirates Stadium, em Londres, casa do Arsenal - Paul Childs/Action Images via Reuters

Desta vez, ao chegar feliz ao estádio, me entristeci com as 30 libras cobradas pela visita, uns R$ 220.
Da última vez que vi, com esse valor dava para visitar Neo Quimica Arena, Allianz Parque e Morumbi e ainda sobrava troco para o sanduíche de pernil.

Tudo bem, um estádio não muda tanto em 12 anos. Poderia ficar sem a visita e tirar umas fotos da fachada (incluindo estátua de Bergkamp, de Tony Adams…).

E comprar uma camisa na lojinha? Não. Além do valor abusivo (80 libras), existe um conluio entre Adidas, Nike, Puma e coirmãs para fazerem a cada ano a camisa de um jeito que fique mais horrorosa. As camisas 2 e 3, então... quase troco de canal quando o time a usa.

Jurrien Timber com o uniforme número 2 do Arsenal, que me obriga a mudar de canal e acompanhar o jogo pelo rádio - Adrian Dennis/AFP

No fim, o tour futebolístico deste escriba se resumiu a uma visita à encantadora Richmond, casa do fictício clube do professor Ted Lasso, na série homônima. O pub do programa existe, mas com outro nome, só a fachada foi usada na série.

E, claro, deu tempo de visitar outro pub, The Monument, para assistir ao clássico Tottenham x Arsenal, com uma pint de Guinness na mão. Vitória dos Gunners (uhu). Mas quem lidera ainda é o Manchester City, com 115 suspeitas de violação de fair play financeiro de dianteira.

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