Sílvia Corrêa

É jornalista e médica veterinária, com mestrado e residência pela Universidade de São Paulo.

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Sílvia Corrêa

O cãozinho que morreu, mas uniu uma cidade no interior de São Paulo

Moradores de Quadra querem que a prefeitura proíba rojões após morte trágica de Toko

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Ele chegou em um 6 de agosto, dia de Bom Jesus, o padroeiro da cidade. Veio com os devotos que haviam andado 19 km desde Tatuí. Era jovem e nunca mais foi embora.

Nos últimos dez anos, tornou-se uma das figuras mais queridas da pequena cidade de Quadra, nas proximidades de Sorocaba. Não perdia uma apresentação de teatro, um campeonato de futebol, uma festa, um velório, uma procissão.

De gravata, entrou na frente de algumas noivas na Igreja Matriz. Igreja, aliás, na qual sempre teve um tapetinho reservado durante a missa. 

Foi em um desse eventos comunitários que Toko morreu, na semana passada, de forma cruel, no Dia de Nossa Senhora Aparecida.

Um dos rojões que anunciavam a procissão falhou e caiu no chão. Acabou abocanhado e estourou na boca do vira-lata.

O episódio levou moradores de Quadra a se organizarem para pedir à prefeitura a restrição da queima de fogos —movimento que tem adesão de cidades de muitos países e pode poupar outros cães comunitários, população em crescimento por lá. Na cidade de São Paulo, soltar fogos barulhentos é proibido desde maio.

 

Para Toko, resta a homenagem: ele vai entrar para a história oficial do município e será o primeiro personagem da cultura local a ganhar uma estátua na praça central, onde costumava dormir nos dias mais quentes. 

“Nos dias frios, ele dormia na casa de um, de outro. Toko era muito importante para nós”, diz o diretor de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, Benemari Sulivam, 32, o autor da ideia da estátua. Benemari diz que os comerciantes já se prontificaram a financiar a escultura, que terá uma placa contando exatamente essa história.

A homenagem, a gente sabe, não muda o desfecho do caso, mas, segundo Benemari, o episódio parece ter servido para unir os quase 4.000 moradores de Quadra em defesa dos animais.

É um alento nesses dias bicudos nos quais, para reagir, parece que temos mesmo que bater no fundo do poço.

Em tempo: muitos moradores de Quadra dizem que tentaram adotar Toko, mas que ele escapava e voltava a andar pela cidade.

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